Devaneios

EU E O MAR

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Retorno ao teu olhar,

Ao teu alcance,

À tua estrutura.

Desde pequeno que me conheces.

Fomos um naquela vez

Em que eu era só essência.

Desde aí, separamo-nos.

Um para cada lado.

Eu evidência, tu em incumbência.

Fomos assim, desavindos,

De quando em quando encontrados.

Congregamos e contemplamos

Como éramos, uma retrospetiva

Do que poderíamos ser sempre

Mas do que a força sazonal impede.

 

Caminho perante ti.

Balbucias sem reação.

Empenhado na tua emoção,

Rugiste em ondas

E mostraste o teu saudosismo.

Reflexão do meu ser,

Esse muitas vezes afogado

Longe do teu controlo,

Longe do teu movimento.

Bem queria que estivesses lá,

Em cada momento, em cada tratado sentimento.

Em ti revejo como dantes agia.

Com a placidez do teu vazar,

Sem a robustez do teu encher.

Essa dicotomia que me traça

Como ninguém, como nunca.

Volto a ser compreendido,

Agregado, entendido

Nos ramos da Natureza.

 

Na afluência dos teus caminhos,

Passei a desconhecer-te.

Cobriste-te, desdobraste-te.

Por onde é o caminho

Da tua sagrada origem?

De onde vens? Por onde?

O problema monta-se

Na eterna questão

Da origem da pioneira sensação.

O que sinto diante de ti?

Regresso com progresso?

Retorno sem contorno?

A limitação da relação?

Desconheço, traduz-ma numa oração.

Num cantar a pulmões cheios

Perante o teu ser, espaço e tempo.

Entupo-me em ti,

Deixo-me ser mais um bocadinho de ti.

Porque no final bem sei

Que todos voltamos ao mesmo.

E aí, aí sim

Seremos novamente unidade.

Até lá, desfrute-se da cisão

Que gerou e estipulou condição.

Com a singular vénia me recolho

Perante o reverente pé de molho.

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