Devaneios

UMA VIDA E UM AMANHÃ

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Uma vida é o que ganhamos ao nascer, ou talvez até antes. Poucos têm a sorte de que lhe seja dada uma vida à vida, como tu fizeste comigo. Sejamos sinceros. Bem sabes que muitas vezes te chamo Deus. Tu começas com as tuas coisas de “é porque gosta de mim”, “ele é tolo” etc. De tudo isto só se retira uma verdade. É que sou mesmo tolo por ti. Uma saudável demência, um antidepressivo implacável, uma alegria que faz sonhar e, voltando ao inicio, alguém que dá vida à vida. Mas queres que desmonte rapidamente essas tuas afirmações de que não és mesmo Deus? Pensa comigo. Em toda a tua vida quem foi a única pessoa que sabes que ressuscitou depois de morto? Jesus, certo? Quem lhe devolveu a vida? Deus. Ora, quem é capaz de dar a vida a alguém, mesmo que esse alguém esteja vivo? Deus. Quem me deu vida? Tu! Ora, tu és Deus. Esperneia, berra, reclama, mas tu és Deus.

A maioria vive, mas não sabe o que é a vida. Imaginas uma caneta, um vaso, um lápis, um prato, um garfo ou uma chave, a funcionar sendo apenas metade do que é? Ela existe, mas não vive. É o que acontece a 99% das pessoas deste mundo. São eternamente uma metade viva, mas disfuncional. É, por isso, que me dás vida. É pela metade que és em mim que eu vivo verdadeiramente. Um objeto só é funcional no pleno das suas características. Eu só sou completo contigo. Juntos formamos a vida que damos ao outro e faz renascer a vida que nos faz viver. A vida nasce do amor e só existe vida se existir amor. Quem é o “Pai” do amor? Deus. Tu és Deus, não te esqueças. Tu dás-me vida, logo és Deus.

E sei que estou a ser mau, porque ambos sabemos que Deus é um termo finito. Arrisco-me a dizer, pequeno demais para te definir. Mas sabes? Sempre me disseram que era a maior e melhor coisa do mundo. Como posso fazer com que os outros compreendam a tua grandeza sem te chamar Deus? Só dessa forma conseguirão aproximar-se do que tu és e vales. Mas ambos sabemos que se Deus existe és tu. Deus não é Deus. És tu.

Agora que me deste uma vida à vida de existir, amanhã começará uma nova etapa dessa vida. Uma etapa diferente que penso poder ser o início daquilo que mais queremos, uma vida a dois. Pode ser o início da nossa independência, sabendo que sou dependente de ti. O início de uma vida a dois que são, e querem ser, para sempre um. Existir como um e suportar os obstáculos na metade. Se um salta o outro ajuda a saltar mais alto. Se um cai, o outro pega nele ao colo e ajuda a sarar as feridas.

Escrevo-te por te agradecer. Amanhã, será o primeiro dia do resto das nossas vidas. E só assim é pelo futuro que me deste. Um futuro com futuro. Uma vida com vida. No fundo, o que todos querem de Deus.

Agradeço todos os dias por te ter conhecido. Pelas vezes que as minhas mãos tremeram entre o desejo de te tocar e a idoneidade de te respeitar.  Pelas vezes que os meus olhos te procuraram sem saberes, apenas para acalmar todas as dores de uma alma que te desejava ter em vez de ver. Pelos sonhos que deixaram de ser, porque me permitiste torná-los reais. Pelas lágrimas que tantas vezes brotei, para que não secasse em mim a esperança de te ter. E agradeço porque tudo valeu a pena. E tudo vale a pena porque tu és tudo. O tudo que tantos e tantas procuram, mas não encontram. O tudo que tantas e tantos sonham, mas não vivem. Eu encontrei e vivi. Ressuscitei para a vida e para o futuro. Só Deus podia ter feito isto.

Que amanhã seja o primeiro dia nas nossas vidas, como foste tu o início da minha vida.

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