Devaneios

SE AS PAREDES DA FEP FALASSEM

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Imagino que não haja melhores conhecedoras dos dramas e euforias da juventude do que as paredes de uma faculdade. E, em particular, por serem as que me rodeiam cinco dias por semana (às vezes mais, se tenho o azar de ir à faculdade no fim de semana), estão as sábias paredes da FEP.

Ao contrário dos estudantes – sonhadores e ainda maravilhados com tudo o que os rodeia -, as paredes da faculdade são experientes e dificilmente se surpreendem: já assistiram a muitas conversas de circunstância tornarem-se grandes amizades e, casamenteiras como são, já rejubilaram ao ver muitos amores desabrochar. Mas a sua experiência não as impede de se sentirem esfomeadas sempre que alguém passa de torrada e meia de leite na mão ou de criarem manchas de humidade por chorarem sempre que os estudantes choram (por causa das más notas ou do coração partido).

E, apesar de a maioria viver satisfeita, as paredes da “70 metros” são bastante infelizes – sempre abafadas e tensas, como os estudantes que lá entram. Coitadinhas, essas só assistem ao stress dos alunos, ao ar severo dos professores e ao relógio da sala a pregar partidas e a avançar mais depressa do que estava combinado. No meio disto tudo, as paredes da FEP continuam sempre muito cinzentas e descoloradas. Mas só porque ninguém as pinta, pois desconfio que o grande sonho delas é serem azul marinho.

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