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Devaneios

AOS INDECISOS

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Aos indecisos estudantes de hoje e do futuro, escrevo. Dirijo-me principalmente a todos os que, apesar do gosto que nutrem pelos seus cursos, não têm uma perspetiva profissional sobre o seu futuro, quer porque o percurso académico em si tem poucas saídas, quer porque as que existem não são apelativas.

Falo-vos, partindo da minha experiência própria. Sendo estudante de literatura, as opções profissionais da minha área são escassas e, a priori, pouco atrativas. No entanto, é pelo experimentar trabalhar – formal ou informalmente – em diversos ramos, que poderei aperceber-me do que melhor se adequa às minhas expectativas. É uma tarefa que penso ser imprescindível para quem está indeciso, como eu.

Sendo uma pessoa que não quer estar constantemente a fazer o mesmo, tenho vindo a desempenhar diversas tarefas – por vezes em simultâneo. Penso que isto é importante, uma vez que: 1) permite-me não desanimar ou perder tempo quando posso estar a fazer algo por mim; 2) possibilita a criação de um currículo diversificado; e 3) ajuda-me a ver os campos de atuação em que posso agir e o tipo de atividades que quero ou não realizar.

Aquando a escrita da dissertação de mestrado, apercebi-me de que não podia dedicar-me apenas àquele trabalho por me achar esgotada física e psicologicamente. Ingressar em outras atividades – complementares ou não – como a artística, a de investigação e a de colaboração editorial, permitiu-me perceber dois outros princípios que agora regulam a minha experiência. Primeiro, o de que o que temos de realmente valioso – não só para cada um de nós individualmente, como também para a humanidade em geral – é o tempo. Sendo seres com materialidade física finita – sabe-se lá de almas e de espíritos – a gerência do tempo é a melhor ferramenta para o nosso bem-estar e para a nossa felicidade. Segundo, não importa quão assoberbados de tarefas pensemos estar, há sempre tempo para tudo. Este não é maleável, mas isso não significa que é um inimigo com o qual temos de lutar. Antes pelo contrário, o tempo é um amigo com o qual podemos colaborar.

Apelo, portanto, a que olhem para os vossos percursos escolar e académico e que comecem por percorrer diversas opções profissionais. Façam uma seleção e recorram primeiro às que vos parecem ser mais simples e realizáveis. Aventurem-se! Pensar não é a única via para perceber o que queremos, por vezes também é necessário fazer um pouco de tudo. Excluir hipóteses a priori tomando-as em consideração e descartando-as sem as experimentar primeiro pode ser a rejeição de uma atividade positiva quer pessoal como profissionalmente. A sugestão que aqui fica pode ser um pequeno passo para que finalmente encontrem a vossa vocação.

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