Devaneios
Estrelas (De)cadentes
os deuses da Terra
fabricados pela moeda
que do bolso nos sai,
regozijam-se nos píncaros da sua sorte
com a vida que lhes pagamos,
banhando-se em sonhos multicoloridos
de extravagâncias que tresandam
a dinheiro
bebem o poder
sem a modéstia dos goles pequenos;
prevaricam tudo quanto é lei
sem justiça que lhes toque
e nós continuamos a aplaudi-los,
iludidos com o seu peixe
que nem focas no circo
produtos do estrelato,
grandes no império do fausto,
são objectos de design pensado
impelidos para a fama
como mascotes do seu público-alvo
(coisa que eles adoram,
pavoneando-se por aí)
não têm limites:
não há moral que lhes pegue,
não há ética que os mova,
nem medo que os assuste,
nem crença que lhes seja abalada
– não são poetas
mas são maiores do que os homens
e como estrelas cadentes
numa noite de verão,
aparecem tão depressa
quanto tão rápido se vão
na eterna mutabilidade do mundo
Artigo da autoria de Sandra Luísa Soares