Devaneios

A REFEIÇÃO SOCIAL “PRATO”

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Miguel Heleno

Em 10 anos, o preço das cantinas universitárias aumentou 30%. Tirando meia dúzia de banqueiros, alguns pastores da IURD e o Tony Carreira, é consensual que ninguém teve um aumento de rendimentos desta ordem na última década. Portanto, das duas, uma: ou o objetivo é atrair para as cantinas pastores da IURD dispostos a rezar ao som do “Sonho de menino” (o que me parece uma má estratégia, porque toda a gente sabe que eles gostam mais de Roberto Carlos), ou a ideia deste aumento é mesmo afastar os pobres das universidades.

Felizmente, podemos contar com os serviços de ação social que, na UP, acabam de inventar uma solução para baixar o custo da refeição dos estudantes mais pobres: comer menos. A medida foi implementada sob o slogan ‘Refeição Social “Prato”’, que é como quem diz uma “refeição”, mas no fundo é só o “prato”. Ou seja, os estudantes que não têm dinheiro para pagar a refeição completa (que inclui sopa e sobremesa) comem só o prato e pagam menos 50 cêntimos.

É fácil de adivinhar que uma ideia destas só pode ter surgido num encontro entre o presidente dos SASUP e Isabel Jonet num jacuzzi em Vilamoura. E, pensando bem, teria sido bem pior se o encontro durasse mais cinco minutos. Não fosse o jacuzzi provocar flatulência à tia Jonet e a esta hora teríamos no menu das cantinas a opção ‘Refeição Social “Pão”’ ou, quiçá, a ‘Refeição Social “pevides de melancia”’.

Bem sei que há alguns estudantes universitários que entoam cânticos como “a mulher gorda a mim não me convém…”, num claro apelo à subnutrição feminina. Mas também não é razão para desatarmos a criar menus com base em gente que confunde o ato de tocar pandeireta com a prova de triplo salto dos jogos olímpicos. Acreditem senhores dos SASUP, a maioria dos estudantes até costuma comer… Se, para pagar menos, é preciso tirar um elemento das refeições das cantinas universitárias, então proponho que façam um menu sem os insetos da salada. Sempre se poupa algum e os vegetarianos agradecem.

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