Devaneios

DOUTRINADOR DE ANANASES

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José Pedro Rocha

Peço à minha audiência que levante os braços e venha comigo até aos Estados Unidos para me auxiliar num ataque químico que eu pretendo levar a cabo. Agora a sério, usem desodorizante. Ou podem pendurar daqueles ambientadores em forma de pinheiro nas orelhas. Não se preocupem com o efeito desses acessórios no vosso visual, porque vai ser a tendência  para esta próxima coleção. Pelo menos, segundo os designers de moda da Cova de Iria Fashion Week. Para quem não sabe, Nossa Senhora é uma designer participante nesta semana, e esta ida recente a Itália disfarçada de visita ao Papa, foi na verdade uma visita a Milão para ver desfiles e tirar ideias para a sua coleção. Nossa Senhora, como estilista, aposta muito nos brancos, azuis e cinzentos, principalmente em lenços e roupa interior.

Desculpem não vos ter ligado ultimamente, mas tinha todas as tomadas ocupadas. Tenho de começar a trocar para público a pilhas, até porque a vossa bateria vicia muito facilmente e depois desaparece para ir comprar eletricidade, tem um curto-circuito e aparece numa valeta qualquer na Worten.

Estive a pensar em novos modelos de negócio e descobri que a melhor solução para mim seria exportar o conteúdo para África. Já traduzi todos os meus textos para crioulo, de forma extremamente racista, tendo em conta que eu não sei escrever crioulo. Tirei umas letras no meio das palavras e copiei alguns termos do mirandês, incluindo o dialeto do burro de Miranda.

Já recebi uma proposta da Noruega, o que é estranho, porque é o país mais norte-europeu de África. Mas como me quero redimir do meu racismo, decidi conversar com eles. A proposta desiludiu-me  devido à falta de numerário envolvido na transação. Em vez disso, foi-me proposta a troca de 6 ananases por cada texto, que me iriam chegar em cima de uma jangada de bacalhaus islandeses, comandada por um bacalhau da Noruega. A escravidão bacalhoeira aplicada pelos bacalhaus noruegueses sobre os islandeses é dramática (e ultra-congelada).

Agora que sou rico em ananases, (mas pobre, pobre, em ouro) já lhes comecei a ensinar a religião muçulmana e também a nobre arte do Kuduro. Estou a mentalizá-los na direção do extremismo religioso e estou a planear que os meus ananases ataquem as Bahamas. O meu plano é entrar para o Livro do Guiness como o organizador do ataque mais tropical de sempre. Penso que é exequível, mas eu também penso que as galochas são um mito e que as pipocas são animais, por isso…

Este texto representa uma grande mudança na minha vida. A razão é que os noruegueses começaram a enviar maracujá em vez de ananás. Segundo a informação que me chegou, o MANGALHO (Movimento Associativo Natural de Gaivotas, Ananases, Leões, Hipopótamos de Oslo) fez uma queixa em relação à cegueira provocada em várias gaivotas pelas folhas dos ananases, quando estas queriam pescar os bacalhaus que os transportavam. O caso chegou ao TEDIO (Tribunal Europeu dos Direitos Ignorantes do Omem) e arranjou um trabalho como rececionista e fez uma operação para mudar de uma entidade burocrática para uma vaca-marinha.
Qual é a diferença entre um bom trabalho de carpintaria e o Governo? A qualidade de Portas. A chamada piada saca-rolhas.

Ensaio Omnipresente sob a vitalidade das heras

0.2
Aletria, como me despes de vontades
E me enches de alegria e reciprocidades.

Aletria, se um dia, por magia
Tivesse na minha mão uma colher,
Ia comer leite-creme
E deitava-te num caixote qualquer.

0.35
A chave da sabedoria
Como chama por mim a verdadeira razão,
Sentido vital, direção,
Toda a gente saberá um dia
Que com melancia
Não se deve comer melão.

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