Devaneios
TANTO DE NADA
Temos a chávena, temos um tanto cheio de nada,
E do vazio temos tudo nesta longa estrada.
Temos o olhar, temos a visão de raios circundantes,
E na cegueira vemo-nos sempre como amantes.
Temos o Amor, temos a paixão de apertos enredados,
E do desaperto temos os lábios agarrados
Temos a vontade, temos o sexo como pregaminho,
E no sexo estimámos o longo caminho
Temos a riqueza, temos a pobreza de olhos baços
E na pobreza somos feitos de cetim como laços
E por fim temos a escrita, temos a leitura em página partilhada
E na leitura lemos versos de uma vida planeada.