Devaneios

TANTO DE NADA

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Ricardo dos Santos

Temos a chávena, temos um tanto cheio de nada,

E do vazio temos tudo nesta longa estrada.

Temos o olhar, temos a visão de raios circundantes,

E na cegueira vemo-nos sempre como amantes.

Temos o Amor, temos a paixão de apertos enredados,

E do desaperto temos os lábios agarrados

Temos a vontade, temos o sexo como pregaminho,

E no sexo estimámos o longo caminho

Temos a riqueza, temos a pobreza de olhos baços

E na pobreza somos feitos de cetim como laços

E por fim temos a escrita, temos a leitura em página partilhada

E na leitura lemos versos de uma vida planeada.

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