Devaneios

PORTUGAL

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Joana de Sousa

« Avivo no teu rosto o rosto que me deste,

E torno mais real o rosto que te dou.

Mostro aos olhos que não te desfigura

Quem te desfigurou. Criatura da tua criatura,

Serás sempre o que sou.»

 

Miguel Torga

 

Avante Portugal, que tarde se faz;
Marchar, marchar mas contra que canhões?
Se nem a pátria iça bandeira…
Os cravos são hoje flor de campa rasa,
E Portugal, o país que a vida atrasa.
Oh povo do mar,
Que te vês perante tais vicissitudes,
Uma ilusão da outrora liberdade,
O nobre Portugal afogado na infelicidade
Das lágrimas de sal e da naufragada imortalidade.
Oh povo à deriva,
Quem se recusa seguir em frente em busca das virtudes?
A eterna glória no trilho traçado na horizontal,
Mas a sede do poder que cega, pede o caminho na vertical.
Oh povo leal,
Que é feito da coragem d’outrora dos descobridores?
Parece que desassossego é tudo o que resta a estes senhores
Deste nobre Portugal.

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