Artigo de Opinião
AMERICA? GREAT? AGAIN? ISTO NÃO VAI DAR BOM RESULTADO…
Bilionário, xenófobo, fascista e machista. Sabem de quem estou a falar? Isso mesmo, da maior ameaça e monstruosidade dos tempos modernos, diretamente dos Estados Unidos, ao vivo e a cores, com o pior bronze falso de sempre: Mr. Donald Trump, senhoras e senhores! E, sim, eu sei que já andamos todos cansados de ouvir falar nesta personagem mas a verdade é que, no meio de tanta ridicularização, há muita coisa que fica por dizer…
Bilionário? A verdade é que desde sempre ouvimos falar de Donald Trump, quer pela sua imensa fortuna, estimada em 4.5 biliões de dólares, quer pelos inúmeros e ridículos projetos — incluindo nefastos reality shows! — em que se envolveu. Atualmente, Trump apresenta-se como o mais controverso candidato republicano de que há memória. Perante tamanho poder, o comum dos mortais pressuporia que este magnata estivesse rodeado de toda uma aura de sofisticação e benevolência, aceitando e deitando a mão aos fracos e oprimidos, sabendo o que custa chegar ao topo… Mas o problema começa logo aqui: a ideia errada de que Donald sabe o verdadeiro significado da palavra “esforço”. Desenganem-se: não sabe. Apesar de se queixar inúmeras vezes de que não teve uma vida fácil, esquece-se sempre de referir (ou, quando o refere, faz por menosprezar) que tudo começou com um generoso “empréstimo” de um milhão de dólares por parte do seu pai — do qual acabou por herdar 200 vezes essa quantia… Que vida difícil! Nem eu, universitária que conta os tostões para poder ir jantar fora e que gostaria de comprar detergente Fairy em vez duma qualquer marca branca, percebo a dor do pobre Trump!
Xenófobo? Fascista? Não é irónico que alguém com origens germânicas demonstre tamanha aversão aos imigrantes e à sua cultura? Se bem se lembram, a etimologia dos Estados Unidos assentou na tomada de um território ocupado por indígenas por parte de um grupo de missionários ingleses que fugiam de perseguições (religiosas) no seu país de origem, coisa que Donald, explícita ou implicitamente (depende dos dias), faz aos imigrantes com os seus discursos. Logo, se algum membro descendente de nativo-americanos quisesse, poderia muito bem usar todo o ideal xenófobo de Trump contra o mesmo: se tivessem fechado as fronteiras aos antepassados dele, tal como ele quer fazer agora com os refugiados (e, se formos a pensar bem, os seus antepassados também o eram!), seríamos agora forçados a ter de lidar com a sua presença? Porém, ninguém se parece insurgir contra o magnata, sendo que celebridades pertencentes a essas mesmas minorias — como é o exemplo do rapper 50 Cent — chegam a declarar que a sua intenção de voto penderá para o (quase) septuagenário. Para não falar de que há relatos que, nos seus comícios, aparecem membros da seita Ku Klux Kan (mais conhecida como KKK), que, para os menos entendidos, é uma espécie de Estado Islâmico do Cristianismo, cujo hino é “White Power”, enfatizando o quanto acham a raça ariana superior a todas as outras… Assustador que Trump seja a voz de pessoas assim, não é?
Machista? Como todos sabemos, os debates televisivos das presidenciais americanas são sempre algo que roça o ridículo. Basta pensarmos que, recentemente, num desses mesmos debates, defendeu o tamanho dos seus atributos masculinos como prova de que poderia ser… um bom presidente? Porém, isso já não impressiona ninguém, visto que, anteriormente, tinha mesmo chegado a desacreditar Hillary Clinton como boa candidata, nada mais nada menos, pelos escândalos sexuais em que o marido se envolveu, dizendo que, se esta não conseguia satisfazer o marido, como iria conseguir satisfazer as necessidades da América? Foi um comentário extremamente nojento e que revoltou todas as mulheres. Mas nada de surpreendente. Então, o que seria de esperar de alguém que já havia dito que, se Ivanka Trump não fosse sua filha, teria uma relação mais íntima com ela — coisa que disse mais do que uma vez e deixou muita gente “assustada”?
O que mete mais medo no meio disto tudo é que Donald Trump se está a tornar uma voz de monstros que pensam como ele e não têm coragem de deitar cá para fora, por medo de represálias sociais! É só mais um sinal de cobardia e decadência social, onde o comum dos mortais se esconde por detrás da égide do mais forte — que nem sempre é o mais iluminado. Para onde foi a tão apregoada compreensão e entreajuda americana, personificada na Estátua da Liberdade? Para onde foram todas aquelas incitações de ajuda à concretização do sonho americano?
Resumindo, Trump não passa de um pequeno ventríloquo capitalista com um grande tempo de antena. Comparo-o ainda a uma criança com uma necessidade extrema de atenção, passando de ventríloquo a fantoche e repetindo todos os movimentos que vê causarem o cómico naqueles que lhe dão ouvidos. Chegou já ao ridículo do “any publicity is good publicity” e diz coisas completamente antagónicas no mesmo dia e sobre o mesmo assunto. Que Donald não é coerente, isso é mais que certo… Agora o que falta saber é: e os americanos? Vão ser?
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