Artigo de Opinião

DIZ-ME A TUA MÉDIA, DIR-TE-EI QUEM SERÁS

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Está a chegar a época mais esperada pelos estudantes do ensino secundário: vão saber a nota dos exames nacionais e, consequentemente, candidatar-se aos cursos que mais lhes interessam. Três anos de dedicação vão reduzir-se a um número que irá ditar o seu futuro. As dúvidas são constantes. Irão os sonhos por água abaixo? Terão que estudar algo com que não se identificam porque um exame lhes correu mal? O nervosismo acompanha aqueles que dão o seu máximo para provar o que valem em duas horas de exame, e a esperança… bem, essa é sempre a última a morrer.

Vivemos num país que evoca constantemente a época áurea dos Descobrimentos, um país que vive muito do passado e não sabe viver no seu tempo. Estamos no século XXI e conseguiremos grandes feitos  se nos preocuparmos com o cerne da questão: a educação. Os empreendedores do futuro são os estudantes de hoje. São aqueles que se esforçaram mas que nem sempre atingem os resultados que queriam. São aqueles que por terem tido 10 no exame nacional, não entraram no curso que pretendiam. É importante entender que não vivemos só de avaliação quantitativa e que é redutor definir o futuro de alguém apenas com um número. É importante perceber que somos mais do que um 13, um 15 ou um 17, que temos mais competências além daquelas que conseguimos mostrar na escola e que uma média de 20 não fará de nós um bom médico, nem uma média de 13 fará de nós um mau economista.

É preciso saber ver à frente e mudar o método de seleção. E ainda que todos estes ideais pareçam utópicos, acredito que será possível alterar o sistema. Acredito que um dia haverá algo que contará mais do que qualquer exame nacional: a vocação. Por que não fazer entrevistas, pedir cartas de motivação e de recomendação? Por que não tentar entender o motivo que leva aquela pessoa a querer entrar para o curso X ou Y? Há sempre alternativas para alterar o que não está a correr bem. Há sempre algo a acrescentar para melhorar o método.

Queixamo-nos da falta de profissionalismo, da falta de paixão pela profissão, e não tentamos perceber qual será o problema. O problema, em muitos casos, foi o corte abrupto das asas a quem queria voar. Tantos portugueses têm que se contentar com a segunda ou a terceira opção, têm que desistir dos seus objetivos porque não tiveram a média pretendida, e têm que viver com esse peso para o resto da vida. Não seríamos todos mais felizes se estudássemos na área que realmente nos move?

Claro que há casos de sucesso, mas nem todos são um “produto” nacional. Admirámos o Vhils sem saber que se viu obrigado a ir estudar para Londres por não ter média para estudar em Portugal. Elevamos os médicos a um patamar quase inalcansável sem conhecer o seu passado, que muitas vezes conta a história de um estudante que se mudou para Espanha à procura da realização de um sonho.

A vocês que estão no 12º ano, que estão a contar as horas para fazer as contas da vossa média com a notas dos exames, que não querem ser forçados a deixar para trás os vossos sonhos: não desistam. Há sempre tempo para fazerem aquilo que querem, seja daqui a 5, 10 ou 15 anos. Mas mais importante ainda, não deixem de lutar para que a situação mude e a próxima geração possa viver num país mais justo e feliz.

O que tem que ser tem mesmo muita força e a vossa oportunidade irá chegar, seja qual for o caminho que percorram.

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