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Artigo de Opinião

UNIVERSIDADES QUE NÃO PREPARAM, ESTUDANTES QUE NÃO APRENDEM

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A universidade mais antiga do mundo é a Universidade de Bolonha, que também cunhou o termo “universidade” com o seu significado atual. Desde 1088 até hoje, quase mil anos passaram e o mundo mudou radicalmente. Infelizmente, há coisas que continuam a prejudicar o ensino universitário e quem com ele tenta aprender.

Os cursos continuam extremamente formatados. Sim, é necessário garantir que o “canudo” vale mesmo aquilo que diz que vale, mas começamos a cair num absurdo em que todos os cursos da mesma área ensinam exatamente o mesmo, não permitindo diversidade dos indivíduos que chegam ao mundo profissional, e causando uma desadequação enorme entre aquilo que a sociedade precisa e aquilo que os indivíduos são capazes de fornecer.

Mesmo esquecendo o argumento laboral, e encarando a universidade como a fonte do conhecimento académico, há grandes críticas a tecer. A renovação do corpo docente tem sido inexistente devido a restrições orçamentais. Como o conhecimento não é estático, ter um corpo docente experiente não garante que a educação é de qualidade – pelo contrário, normalmente leva ao comodismo e à estagnação que afetam a maior parte das universidades portuguesas.

O próprio ambiente vivido nas universidades é digno de uma época anterior ao Iluminismo. A autoridade do professor raramente pode ser criticada, nem sequer pelos seus superiores; já assisti a casos em que diretores ou chefes de departamento encolhem os ombros perante falhas graves daqueles que deviam coordenar. Por parte dos estudantes, o marasmo intelectual e a acefalia marcam a maioria, incapaz de pensar livremente, sem limitações ideológicas de carácter dogmático. Cria-se, assim, e citando as palavras do Sr. Silva, uma “espiral recessiva”, em que estudantes não obrigam os professores a inovar e os professores não equipam os estudantes com as ferramentas essenciais que a universidade deveria oferecer: autonomia, pensamento crítico, criatividade, espírito de iniciativa.

Qual a solução? Olhar para o processo de Bolonha, homónimo da universidade original, não como um monte de burocracias inúteis, mas como um espírito de aprendizagem autónoma e personalizada. No século XXI, numa sociedade global, é impensável ter milhares de pessoas com as mesmas competências exatas. Somos todos diferentes, quer na nossa forma de aprender, quer nos nossos interesses, quer nas vertentes profissionais que abraçamos e na forma como utilizamos a nossa experiência universitária. É hora de dar mais margem de manobra a quem quer aproveitar a Universidade para se enriquecer. Renovem os corpos docentes, utilizem as novas tecnologias, libertem os espíritos críticos dos estudantes. Tudo o resto fluirá naturalmente.