Artigo de Opinião

OPINIÃO SOBRE OPINIÃO

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Escrever textos de Opinião é algo de agridoce, afinal estamos a tomar factos e a apresentar argumentos nossos acercas das premissas que nos são apresentadas. Não são axiomas irredutíves e indiscutíveis. Estão abertos à discussão mas é necessário um filtro daquilo que é ético dizer-se e daquilo que não o é.

Debati-me seriamente acerca deste artigo durante vários dias. Uma tragédia aconteceu em Portugal e, no meu ponto de vista, opinar sobre ela, sem se ser um especialista, é nada mais do que colocar sal nas feridas que ainda não cicatrizaram. Ora então, não sou especialista em absolutamente nada que diga respeito a florestas, incêndios ou má-conduta deste ou daquele por isso digo: como jornalistas, a não ser que sejam especialistas no assunto, limitem-se a reportar os factos, tal como eles são.

Não precisamos de mostrar imagens de cadáveres espalhados pela imensidão cinzenta que cobre a área afectada, vamos poupar as famílias a uma dor mediatizada para audiências e vendas. É certo que por vezes imagens valem muito mais que palavras e este é uma destes casos, contudo já fomos bombardeados tantas vezes com os veículos carbonizados, com os bombeiros exaustos, com caras de desespero… é desnecessário tornar-nos mórbidos em virtude do mediatismo.

A tragédia não deve ser algo de mediático. Deve ser relatada? Sem dúvida alguma. Relatada, analisada por especiliastas e explorada de forma a evitar que se repita. Nenhuma destas medidas exige que expunhamos nenhuma das famílias a mais dor do que aquela que já estão a sentir. O jornalismo deve primar pela ética e seriedade e respeitar o ser humano na sua mais natural condição de essência finita. Dito isto, choremos hoje, reerguemo-nos amanhã, honrando sempre a memória daqueles que perderam a batalha contra a força da Natureza.

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