Artigo de Opinião
LIÇÕES DE MORAL
Todos nós já nos cruzámos com um moralista exaltado. Aquele sujeito que nos quer impor, em toda e qualquer ocasião, a sua verdade, os seus bons costumes, a sua (por vezes pouca) moral. Espanca-nos com lições de vida, atiradas para doer, porque bem merecemos umas pancadinhas na hora certa.
O moralista furioso tem argumentos vincados, dogmas incontornáveis e quem se lhe opuser recebe o seu silêncio, porque “não vale a pena falar com quem não entende a verdadeira razão das coisas”.
O moralista tem resposta para tudo, sabe ler pensamentos, interpretá-los e não precisa de psicólogos, porque as suas certezas não são passíveis de análise. O moralista sabe quando lhe mentimos e sabe açoitar-nos com palavras para aprendermos, para crescermos, para sermos homens e mulheres de valor. O moralista gosta de frontalidade, que as verdades sejam ditas na cara, desde que seja aos outros. O moralista não gosta da verdade apontada para si.
O moralista recusa o protagonismo, mas se lhe dirigem toda a atenção e o deixarem brilhar com as suas frases feitas, também não se incomoda muito.
O moralista tem uma legião de fãs, que recorrem às suas sábias palavras para encontrarem um sentido para a vida e que o defendem com todas as armas. Quem se lhe opõe é um alvo e não lhe devem ser dados ouvidos.
O moralista gosta de discussão, porque afinal “é dela que nasce a luz”. O moralista acredita no debate, claro está, se no fim lhe for dada a razão (e um pedido de desculpas também não calha nada mal).