Artigo de Opinião

AS FÉRIAS SÃO PARA DESCANSAR,…SERÁ!?

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João Paulo

O conceito de férias é um período de descanso depois de um ano de trabalho. Esse período, o de férias, entende-se então como a ocasião que temos para dormir mais, apanhar sol, viajar, enveredar por aquilo que os italianos chamam de “dolce fare niente
Mas se é assim, fica então a questão, porque é que no fim das férias quase todos dizemos precisar de férias para descansar das férias?

Se vamos viajar, são as malas, idas aos museus, saídas para a praia, saídas noturnas, os jantares regados. No regresso a casa estamos com os fusos horários trocados e cansados de bater perna.

Se por outro lado ficamos por casa, resumindo os dias de descanso ao cansar-se nas idas à praia para regressos tardios num trânsito lento, quente, que arranha com o sal colado à pele, e nas noitadas bem regadas e vividas até o sol nascer, para depois voltarmos a repetir a dose.

Altura em que o sol nos rasga a pele morena, num cocktail que conta com o abanar do esqueleto “all night long” e que nos arremessa para a travessia no deserto transformando cada amanhecer (tardio) no acordar de toda uma máquina que já para o fim do período de férias se apresenta perra a precisar de sincronização.

Mas o período de férias pode ainda ser aproveitado para realizar outras tarefas, ou seja ocupar as férias a trabalhar. Procuramos um trabalho como arrumador das barracas da praia assim ficamos entre o trabalho e o sol, ou como empregado de mesa de um restaurante ou um bar qualquer mas se assim não é lá vamos nós mudar os móveis, pintar a casa ou limpar o sótão, refazer o jardim, ou transformar de forma consecutiva a nossa casa num salão de festas onde recebemos amigos e família, os cá estão e os que vem de férias e nos enchem de histórias fantásticas e ainda os que se matam a trabalhar no estrangeiro e que agora nos vendem uma imagem de conforto e prosperidade mesmo tendo-se esquecido de esconder os papéis do aluguer do carrão que dizem ser seu.

E pronto assim passamos as férias, a abanar o esqueleto, espraiados na areia debaixo de um sol escaldante, afogados nos copos noturnos, ou então amarrados nas trinchas das tintas e dos vernizes, do chiar dos móveis a ser arrastados, ou ainda da confusão das festas intermináveis, para no fim dizermos invariavelmente:
Agora preciso de férias para descansar das férias!

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