Artigo de Opinião

LÁ LONGE A COREIA DO NORTE

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Tiago Aboim

Corria o ano de 1953 quando termina a Guerra da Coreia, porventura o primeiro conflito patrocinado pelas superpotências. Por um lado, a Coreia do Sul apoiada pelos Estados Unidos e, por outro, a Coreia do Norte apoiada pela então União Soviética. Dois países irmãos, mas divididos pelo célebre paralelo 38.

Sessenta e um anos depois, a configuração geopolítica do mundo modificou-se de uma forma assinalável, sobretudo na Europa de Leste e Oriental e na Ásia Central, resultante da desintegração da União Soviética que ditou o fim da Guerra Fria.

Mas na Península Coreana, o sentimento de “Guerra Fria” parece ainda evidente, com demonstrações de força e o impulsar de tons provocatórios entre as duas Coreias.

Uma Coreia do Sul “ocidentalizada”, impulsionada pelo seu desenvolvimento industrial e tecnológico, que faz deste país um dos principais exportadores de componentes digitais do mundo numa economia altamente digital. Do outro lado da fronteira, consideram estes elementos como o exemplo do capitalismo selvagem. Da Coreia do Norte, o estado mais “fechado” do mundo, o ocidente apenas conhece o seu líder, as exuberantes paradas militares ao velho modus soviético, ou as constantes ameaças nucleares ao ocidente, como ao seu irmão, Coreia do Sul.

Dois países irmãos, separados pela ideologia, pelo tempo.

Em fevereiro deste mesmo ano, uma Comissão para os Direitos Humanos da ONU relatou que há “uma escala sem igual no mundo contemporâneo” na Coreia do Norte, “excedendo todas as outras em duração, intensidade e horror”. Nos campos de trabalho forçado vivem entre 120 a 200 mil prisioneiros, alguns já nascidos em cativeiro, sujeitos “à fome, trabalhos forçados, execuções, tortura, violação, negação dos direitos reprodutivos através de castigos, abortos forçados e infanticídio”.

Os dirigentes norte-coreanos, já recusaram estas acusações de que são alvo, ameaçando com um ensaio nuclear, tal como aconteceu em 2006, 2009 e no ano passado.

Desde o célebre discurso de George W. Bush sobre o Eixo do Mal, onde referiu que este país constitui uma séria ameaça à paz mundial, o ocidente colocou-se em alerta e, porventura, a principal preocupação deve-se à ameaça de um ataque nuclear.

O Ocidente teme uma ameaça nuclear, mas devia ter em conta a salvaguarda dos Direitos Humanos. Não se trata apenas de um documento, mas sim de algo que deveria estar enraizado em todos os países, regiões do mundo: a dignidade do ser humano, a dignidade de viver, a liberdade.

Quando a Democracia, Liberdade, Dignidade e Respeito são ameaçados isso sim, constitui uma ameaça à paz global.

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