Artigo de Opinião

A TORTURA DOS OUTROS E OS OUTROS DA TORTURA

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Tiago Aboim

Ligamos a televisão e vemos um homem de laranja vestido, ajoelhado, rodeado pelo deserto, onde o ar asfixia a si próprio, pelo medo e pelo aproximar da morte, exaltando-se a pena capital como um troféu de guerra, uma celebração ao terror e ao desespero. Desligamos a televisão e acusamos o ato de bárbaro e de ignóbil. A tortura de ver, sentir e sofrer, como a soma de todos os medos.

O Senado dos Estados Unidos divulgou um relatório de 525 páginas em que apresenta os métodos de tortura contra suspeitos de terrorismo, após o fatídico dia 11 de Setembro de 2001. O primeiro local que nos vem à memória: Guantánamo.

Ali também vemos homens de laranja, onde os seus rostos são cobertos pelo medo, pelo pânico. Aí as câmaras de televisão não se ligam, registam apenas os seus crimes como interrogatórios sumários, mas cujos destinos estão previamente traçados.

A tortura como instrumento inquisitorial em plena Democracia deverá ser considerada como um ultraje às regras da Liberdade, Igualdade e Dignidade entre todos os cidadãos do mundo.

A Razão Humana deverá preservar valores como o da Dignidade e o Respeito pelos Outros – esses ecos tão fortes, que por vezes se encontram silenciados, apagados ou simplesmente esquecidos.

Gritamos Justiça em vez de Dignidade, limitando-nos, por vezes, a ser corvos do nosso destino e dos outros, a ser pedaços de fraqueza no deserto do medo, a ser um véu que esconde a dor de uma mãe que perde o seu filho, a ser parte da terra que cresce sozinha. Somos imitadores da Decência, somos cheios do vazio, do nada. Fica a pergunta, somos o que fomos, mas o que somos sem Valores? Resposta… (Se já ficou a pensar, valeu a pena, senão ligue a televisão e pense).

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1 Comment

  1. David Guimarães

    22/12/2014 at 15:46

    Belo artigo Tiago Aboim!
    Um grande abraço

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