Artigo de Opinião
BARCA DO INFERNO
“Barca do Inferno” programa televisivo comentado por figuras públicas femininas. A designação do programa em si mesma antecipa a estratégia elementar: uma espécie de casa dos segredos, mas cuja temática em debate é política.
É para uma mulher extremamente árduo prosseguir e manter uma posição de liderança. Considere-se o estigma social em torno da figura feminina, as discrepâncias salariais, a objetificação da imagem em detrimento da matéria intelectual. Com vergonha, testemunho o emergir de figuras públicas que somente denigrem a condição feminina, tão trabalhosamente conquistada por tantos homens e mulheres, causas, revoltas, manifestações, revoluções!
Aparentemente, os telespectadores usufruem de algum tipo de prazer ao contemplarem quatro mulheres a discutir política. Retifico, pois a última premissa é uma falácia. Não se trata de discutir política, mas apenas de uma troca de pareceres pessoalizados, de argumentos sem conteúdo teórico (inviabilizando assim o seu estatuto enquanto argumentos), de insultos carregados de eminentes ódios.
É urgente a suspensão de “conteúdos” como “A Barca do Inferno”. Mesmo sabendo-se a improbabilidade de tal se suceder, condena-se assim o universo feminino pela incompetência e ausência de moralidade de figuras femininas como estas, e que todos os dias têm voz na comunicação das multidões.
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