Artigo de Opinião

VAMOS FALAR DA SÉRVIA?

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Tiago Vaz

A seleção portuguesa joga este domingo, pela terceira vez, com a Sérvia. Razão mais que suficiente para falarmos da Sérvia. Bem, na verdade, a razão pela qual vos falo da Sérvia é diferente. Foi noticiado esta semana que a União Europeia alargou até 2015 o prazo para a Sérvia fazer a sua proposta de adesão à UE.

Prepara-se assim, a passos largos, o alargamento do clube de amigos europeu. Segundo Federica Mogherini, chefe da diplomacia europeia, a Sérvia “está firmemente no caminho em direção à UE”. Acaba por ser um grande feito, considerando que se trata de um país com 9 anos. No entanto, levanta uma questão importante: estará a Sérvia preparada para a UE? Mais, estará a UE preparada para a Sérvia?

Estas duas questões simples têm implicações complexas. Situemos a Sérvia geograficamente: no meio da Península Balcânica (os Balcãs), uma região historicamente instável, marcada por choques culturais, guerra e reorganizações de território (a própria Sérvia, tal como é hoje, existe apenas desde 2006). Estas características derivam de instabilidade social e levam, inevitavelmente, a um clima de instabilidade política.

Instabilidade política torna-se, neste caso, a palavra-chave. Porque tem marcado a forma como a Sérvia conduz as suas políticas, como se relaciona com os países vizinhos, como os sérvios vêem o seu país. E porque a UE tem uma forte aversão e intolerância para com a instabilidade. Diminui a eficácia, causa o incumprimento de normas, obriga à criação de excepções.

Apesar disso, a UE continua a incentivar a Sérvia à adesão, justificando-a com as melhorias políticas verificadas nos últimos anos. Mais importante que a pertença europeia, contudo, é a pertença regional. Porque a Sérvia não conseguirá desenvolver-se sem boas relações com os vizinhos, potenciais parceiros comerciais. E este deveria ser o principal trabalho da UE, mais do que a preocupação com o alargamento dos seus números. Procurar a cooperação entre países europeus, sendo ou não seus estados membros (note-se que a Croácia, estado-membro, é o maior vizinho da Sérvia).

A UE, tal como a Sérvia, tem que escolher um caminho, que lhe dê estabilidade, segurança e que tranquilize e cuide dos seus habitantes. Esse caminho pode ou não passar pela UE para a Sérvia. Mas, para a UE, esse caminho deve passar por cuidar, primeiramente, dos seus estados-membros. Antes de se preocupar em aumentar o número desses membros.

Tal como disse, Portugal joga este domingo com a Sérvia. E por isso falámos dela. Desejo uma boa vitória para Portugal no jogo. E uma boa vitória para a Sérvia nas coisas mais importantes que necessita de vencer.

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