Artigo de Opinião
VAMOS FALAR DE CULTURA?
Vamos sim, mas que cultura? Mas existe isso neste nobre país? À parte da cultura da “Casa dos Segredos”, isto é. Parece-me a mim que vivemos num país estagnado, onde o apreço pela cultura é cada vez mais de uma escassa minoria ou dos estrangeiros (sim, porque os museus agora têm mais estrangeiros do que portugueses) que dela usufruem, enquanto muitos preferem talvez gastar uns dez euros ou mais em festas ou “futebóis” do que dois euros num museu ou a visitar monumentos. É verdade que porventura, pagar uma entrada em algum museu pode ser desmotivador para alguns, mas não valerá a pena investir no saber? O mundo pode tornar-se cada vez mais tecnológico e pragmático, mas o que nos separa de qualquer outro ser deste planeta é a sensibilidade artística e a cultura e, como tal, acho que merece um pouco mais de investimento e incentivo.
Quantos já não ouviram que, os vários cursos humanísticos ou artísticos “não servem para nada” ou “não têm futuro”, muitos de nós certamente. História, filosofia, sociologia, artes visuais, entre outros, são as “vítimas” preferidas de um mundo cada vez mais embrutecido para a apreciação da cultura e onde o homem de letras ou das artes tem de se impor para evitar desmotivar-se e não duvidar da beleza inquestionável do bem inato que é a cultura.
A que se deve isto? A culpa é partilhada um pouco por todos, por aquilo que as nossas redes sociais e a televisão promovem hoje em dia, pelo próprio país que não incentiva ou apoia muito a cultura e, finalmente por parte dos próprios pais que não habituam os seus filhos a esses tipos de práticas ou os sensibilizam para a cultura. “Culpas” à parte, Portugal foi e continua a ser um país de poetas, sonhadores, mas, acima de tudo, de gente bastante criativa e de grande sensibilidade, que com este clima tão pouco favorável, prefere procurar no estrangeiro o apreço e respeito que tanto merecem, e para lá emigram.
Em suma, há que abrir a mente e usufruir do doce néctar cultural que o nosso país tem para oferecer. Vamos encher os museus, exposições e monumentos, e com eles, encher as nossas mentes e enriquecer o nosso espírito. É preciso uma mudança. Aceitas este desafio?
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