Artigo de Opinião
SALDOS HUMANOS
Vivemos em ilusões, fantasias e formas. Mas mais do que existir este cenário, o pior é fazer parte desta aparência. É um sentimento de impunidade, de aperto e de mágoa. Como sair deste mundo de alucinações? Ser esquizofrénico como ele ou tentar mudar? Não sei qual a melhor resposta, apenas sei que temos de tentar carregar no botão de desligar desta máquina de poder.
Somos amestrados desde pequenos na escola por um sistema de ensino, que apenas nos demonstra o viver de acordo com as representações sociais do grupo dominante. Daquele grupo que faz com que sejamos os robôs do dinheiro, que trabalham escravamente para poder pagar férias, mansões, carros aos mais poderosos, dando assim a oportunidade de corrupção. Para piorar, estes robôs até já fazem saldos: “ganho 500 euros, mas pago 700”. Somos “saldos humanos” que laboram para manter um sistema de poderio e dominância de uns sobre os outros. Não nos é ensinado a pensar criticamente e de forma individual. Somos animais sociais, mas isso não significa que os nossos pensamentos tenham de ser ipsis verbis aos da maioria, temos de ter os nossos próprios objetivos, o nosso próprio caminho alheio àquilo que os outros possam achar.
Neste grande cenário, onde todos somos atores com o mesmo papel, temos de lutar para que cada um tenha a sua marca, que o faz reconhecido. Não digo sermos reconhecidos mundialmente, digo sermos reconhecidos por nós. Sentirmos que conseguimos ser diferentes e contribuímos assim, para um Mundo melhor.
Temos de reconhecer que estamos perante uma manipulação conspiratória do nosso ser. Pensamos que somos livres, mas a verdade é que fazemos aquilo que todos querem que façamos. Vivemos, desta maneira, na falácia lógica de que somos livres, só porque no Verão se faz um desporto radical ou porque se vai a uma rede social fazer comentários e opiniões mal fundadas e experienciadas do que é vida. Isto não é viver, é “andar aqui por ver andar os outros”.
Vamos nos dar ao prazer de pensar, de sentir e de principalmente viver de acordo com o nosso ritmo pessoal e tendo em conta os nossos objetivos, que com certeza se pensarmos bem são bem diferentes daqueles que a sociedade quer. Contudo, temos medo de ser criativos e de ser diferentes e, por isso, surgem os “comentadores do costume” a dizer que temos de viver nesta máquina e de que não pode ser diferente. Como é que podem dizer que não pode ser diferente se nunca ousaram viver de outra forma?
Laura Dias
02/07/2015 at 20:52
Adorei a expressão “saldos humanos”.