Artigo de Opinião
A FALHA DA EUROPA
Grécia. Tsipras. Eurogrupo. Nas últimas semanas não se tem falado de outra coisa que não na crise no sistema financeiro da União Europeia.
A situação é muito sensível. Nunca na história da UE se assistiu às instabilidades que o atual Governo de Atenas criou. Não há outro adjetivo para caracterizar o Syriza: teimoso! O resultado do referendo só demonstrou isso mesmo.
Vamos colocar questões partidárias de parte por um momento. Desde que Tsipras se afirmou como candidato a primeiro-ministro que a Europa tremeu, devido ao conjunto de políticas que visavam o perdão da dívida grega ou a cedência dos parceiros sociais. Dos 3 países europeus auxiliados pela Troika, foi a Grécia a revelar uma enorme falta de consciência para com o problema.
O pior é quando nos lembramos que foi o povo quem elegeu este Governo. 60% dos gregos que votaram no referendo assumiram não ter percebido a pergunta. Diz muito.
Nos dias que correm, nunca um Estado-membro pode definir políticas sem consultar a Comissão Europeia. O propósito da organização é a sua união, assente na cooperação e estabilidade.
Sempre fui adepto da União Europeia. Sempre acreditei nos seus objetivos, na sua forma de atuar. E a criação de uma moeda única foi uma jogada pertinente no seu contexto dada a dicotomia socioeconómica dos países europeus. Hoje, com a ameaça de abandono de um dos membros, na minha opinião, todo o sistema vai ser posto em causa. Não sei como resolver uma eventual saída do euro. Como é que a Grécia poderá pagar? Como podem os parceiros internacionais investir num país que não paga o que deve?
Somos 28 países unidos pelo melhor. E o melhor não é o que passa agora. E desengane-se quem acha que só a Grécia perde com isto.
A saída da Zona Euro poderá provocar graves danos nas relações comerciais com os seus vizinhos como a Albânia ou a Macedónia. Pode intensificar a relação Atenas-Moscovo numa altura em que a UE está de costas viradas devido ao conflito na Ucrânia, algo que a NATO tenta evitar. Os movimentos migratórios ilegais poderão subir a níveis elevadíssimos.
E Portugal? Uma saída da Grécia poderá conduzir a aumentos consideráveis dos juros da nossa dívida. A situação é horrível só de imaginar.
Uma amiga disse-me uma vez que gostaria de ter nascido na segunda metade do século XX para assistir aos momentos de grande impacto da União Europeia. Como as coisas estão, ainda deve ir a tempo.