Artigo de Opinião
O MEDO DA DIFERENÇA
Ontem Paris foi atacada. Dezenas de pessoas morreram e, para nós, foi fácil sentir o terror.
Pensei que o facto de estarmos perto desta realidade, de sentirmos o medo como se lá estivéssemos, fosse suficiente para que se percebesse o que sentem, afinal, os sírios, os libaneses, os iraquianos, que veem a morte passar-lhes à frente todos os dias. Acreditei que aqueles que não compreendem a vinda dos refugiados passassem a aceitá-la e percebessem os seus motivos. Mas afinal não.
E porquê? Porque os franceses são iguais a nós, são europeus, têm as mesmas ideologias que nós e, por isso, lamentamos e temos pena. Dos muçulmanos não. Os muçulmanos, apesar de serem igualmente humanos, tiveram o azar de nascer na parte errada do globo.
Os refugiados querem vir para a Europa porque aquilo que aconteceu ontem, em Paris, é o prato do dia no país deles. Vivem em guerra, permanentemente. E, aquilo que ontem nos chocou, nos fez sentir medo, para eles já não é sequer novidade.
Talvez devêssemos ter tanto medo “dos nossos” como do terrorismo. A xenofobia e a indiferença, além de graves, são inúteis para a sociedade. Baseiam-se no medo e servem apensas para simplificar um assunto demasiado complexo para ter uma opinião que pode ser resumida numa frase.
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