Artigo de Opinião
UMA UCRÂNIA ENTRE OBUSES E ABUSOS
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Diogo Rodrigues da Silva
Putin e Obama limparam o pó ao “telefone vermelho” e encetaram conversações numa tentativa de solucionar os problemas de uma “Ucrânia em conflito interno”, como lhe chamaram. Será de mim ou para um conflito interno esta situação está a interessar a muitas famílias?
Estranho eu que, resultado dessa conversa, tenha sido emitida uma declaração de Washington onde se contava que existiam boas probabilidades (70%) de sucesso num acordo pacífico para terminar os ataques russos na Ucrânia. Porém, não deixaram de ressalvar que caso não fossem findos os ataques, se propunham a fornecer armamento bélico às tropas ucranianas. Mais (in)conveniente não poderia ser… Mas como em tudo na vida, há sempre dois lados, sempre duas verdades, o Kremlin anunciou resultados absolutamente distintos desta conversa. Constou deste relatório russo que apenas se chegou a um mútuo consenso relativamente à proteção da população russa no leste da Ucrânia.
De facto, esta Ucrânia de que se fala, não tem uma só identidade. Falta-lhe unidade. É dividida em várias fações: Umas pró russas, outras pró europeístas, e outras senhoras da sua própria nação. É uma Ucrânia recheada de corrupção, liderada por imposição de uma autoridade irracional e exagerada, alicerçada em diversas influências históricas. Certo é que a História criou divisões, mas a História nunca perdeu causas em tribunal… E com a História aprende-se ou pode aprender-se. E acredito que se conhece bem os efeitos da intervenção interessada desse famigerado lobby do armamento Americano. Estranho, por isso, que um Obama tão promotor da paz se proponha a acrescentar armas a quem quer matar.
A par desta luta de galos, tenho esperança numa Angela Merkel e num François Hollande com vontade de sanar um conflito que não quer cessar. O conflito assume-se internacional, mas podemos acreditar, e devemos acreditar, que as boas intenções podem fazer a diferença em qualquer situação.
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