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POLÍTICAS DE IMIGRAÇÃO ALTERNATIVAS

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A aposta no multiculturalismo

Justin Trudeau ganhou as eleições de 19 de outubro de 2016. Tem sido motivo de notícia pelo seu estilo informal e por ser um dos políticos mais jovens a assumir o cargo de chefe do Governo. Mas mais do que a sua personalidade e juventude, o filho do ex-primeiro ministro canadense Pierre Trudeau, tem-se destacado sobretudo pela política de multiculturalismo, no sentido de integração das novas pessoas na sociedade canadense, sem forçá-las a abdicar da sua identidade e cultura próprias.

O Partido Liberal do Canadá, liderado por Trudeau, prometeu melhorar vários aspetos do sistema imigratório canadense. Este partido tem sido o mais “simpático” no que diz respeito à área da imigração, optando pela adoção do multiculturalismo dos imigrantes ao invés da sua assimilação.

Segundo o Diário de Notícias, Justin Trudeau, escreveu no Twitter, a 28 de Janeiro, a seguinte mensagem: “Para aqueles que fogem de perseguições, terrorismo e guerra, os canadianos vão receber-vos, independentemente da vossa fé. A diversidade é a nossa força. Bem-vindos ao Canadá”.

Dois dias depois, o Centro Cultural Islâmico do Quebeque foi alvo de um ato terrorista. De acordo com o Jornal de Notícias, entraram naquele local religioso “duas ou três pessoas” que “dispararam contra os presentes”, fazendo seis mortos. Porém, uma nota emitida pelo chefe de Governo, publicada pelo jornal Público, demonstra que o Canadá continua a apoiar a diversidade religiosa: “Os muçulmanos-canadianos são uma parte importante do nosso tecido nacional e estes atos sem sentido não têm lugar nas nossas comunidades, cidades ou país. Os órgãos policiais vão proteger os direitos de todos os canadianos e fazer um esforço para deter os autores deste e de todos os atos de intolerância”.

De acordo com o Diário de Notícias, já depois da sua eleição, “o primeiro-ministro canadiano supervisionou a chegada de mais de 39 mil refugiados sírios”. Porém, uma vez que 75% das exportações do Canadá têm como destino os EUA, as relações diplomáticas entre os dois países são fulcrais para a economia canadense. Tendo em conta que Donald Trump tem uma política de imigração radicalmente diferente, poderão surgir algumas complicações nestas relações, colocando em risco o equilíbrio da balança comercial do Canadá.

Países europeus e as políticas de imigração

Ao contrário da opinião pública generalizada, alguns países europeus não têm uma política de imigração muito distante da do Canadá. Segundo um artigo do Council on Foreign Relations, em setembro de 2015, Berlim prometeu 6 biliões de euros para apoiar os 800 mil imigrantes que esperava receber até final de 2015. As políticas liberais de asilo da Suécia também provocaram um aumento dos imigrantes que têm pedido para viver naquele país.

Porém, segundo a opinião de especialistas, estas políticas de imigração abertas podem ter uma finalidade económica, dada a trajetória demográfica da Europa, com taxas de natalidade em declínio e envelhecimento populacional. As redes de segurança social sairiam reforçadas. O reverso da moeda reside no facto de os cidadãos da União Europeia poderem vir a considerar os imigrantes e refugiados como concorrentes económicos.

A Organização Internacional para as Migrações acredita que a Europa é um dos destinos mais perigosos para a migração, pelo facto dos responsáveis que controlam este fenómeno estarem mais preocupados em supervisionar as fronteiras do que em proteger os direitos dos migrantes e refugiados.

Segundo o artigo do Council on Foreign Relations, alguns especialistas argumentam que o clima polarizado da Europa, com partidos nacionalistas e anti-imigrantes em ascendência, é em parte responsável por uma resposta humanitária fraca de alguns estados. França e Dinamarca também têm arranjado como justificação preocupações com a segurança para não aceitar imigrantes do Médio Oriente e Norte de África, sobretudo após os tiroteios terroristas em Paris e Copenhaga, em 2015. Líderes de países como a Hungria, a Polónia, a Eslováquia e a República Checa manifestaram recentemente uma forte preferência por imigrantes não-muçulmanos.

Coloca-se então um paradoxo político difícil de resolver: por um lado, se a Europa abrir aos poucos as suas fronteiras, manter-se-á o seu compromisso de livre circulação dentro do bloco europeu? Por outro lado, poderá o projeto de uma Europa unida ser abalado pela perda de entusiasmo dos eleitores europeus, tal como o Brexit o provou? Os próximos anos serão decisivos para se constatar o sucesso, ou não, desta revolução política e social.

 

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