Política

ESTRANHAS LIGAÇÕES: CHINA E COREIA DO NORTE

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Contextualização

O apoio da China à Coreia do Norte já se tem vindo a evidenciar desde a Guerra da Coreia (1950 – 1953), quando as tropas chinesas invadiram a Península Coreana, em apoio do seu aliado. Desde então a China tem providenciado apoio económico-financeiro aos líderes norte-coreanos.

No entanto, a tensão na sua relação começou após um teste nuclear norte-coreano em outubro de 2006, que resultou na imposição de sanções a Pyongyang, apoiadas por Pequim na Resolução 1817 do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Apesar disto, o membro do Conselho de Segurança da ONU tem vindo a recusar tomar uma postura contra os norte-coreanos, especialmente no que diz respeito a direitos humanos e questões internacionais, como o afundamento de um navio sul-coreano, em março de 2010, que levantou as suspeitas norte-americanas em torno dos norte-coreanos.

Segundo os dados do OEC (Observatory of Economic Complexity) referentes ao ano de 2015, a China fornecia à Coreia do Norte a maior parte dos seus abastecimentos na área dos têxteis e calçado e ainda máquinas e tecnologia, resultando num valor de 2.95 biliões de dólares, completando 85% das suas importações totais.

Pelo contrário, Pyongyang exportava para Pequim, principalmente na área de produtos minerais e ainda vestuário e calçado, refletindo-se num valor de 2.34 biliões de dólares, correspondente a 83% das suas exportações totais.

Em fevereiro de 2013, após um terceiro teste nuclear norte-coreano, Hu Jintao (Presidente da República Popular da China, na altura) implementou sanções às trocas comerciais, reduziu os abastecimentos energéticos e prosseguiu com o pedido de desnuclearização do país nortenho. Contudo, as vastas ligações entre os dois países, tanto económicas como diplomáticas, mantiveram-se.

A 6 de janeiro e a 9 de setembro de 2016, o líder coreano Kim Jung-Un, autorizou mais dois lançamentos de mísseis, o que colocou a China e os EUA em forte oposição ao sucedido.

A China e outros países da ONU condenaram o teste realizado pelo estado norte-coreano, tendo os EUA, a França e Inglaterra pressionado em direção a novas sanções (não exportação de carvão, ferro e minério de ferro, salvo em casos de subsistência, entre outras).

Além disso, o secretário de defesa norte-americana Ash Carter reiterou que a “China tem e partilha uma importante responsabilidade por este desenvolvimento e tem uma importante responsabilidade de o reverter”.

Coreia do Norte: situação do país

A Coreia do Norte tem-se focado principalmente, nos últimos dois anos, na segurança interna, em bloquear fluxos de informação e recursos humanos controlando as fronteiras do estado isolado, afirmou o diretor da região asiática do associação internacional Human Rights Watch, Phil Robertson, após ter alertado para as violações de direitos humanos que ocorrem dentro do país.

No final de agosto de 2016, segundo dados da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), o furacão Lionrock causou inundações e deslizamentos de terra que causaram a morte de “138 pessoas e 400 desaparecidas ainda em outubro de 2016”, estimando ainda que 600 mil pessoas tenham sido afetadas, tendo 140 mil dessas sido severamente afectadas e 70 mil deslocadas.

Houve grandes perdas a nível de colheitas e plantações – mais de 27 400 hectares de cultivo destruídos pelas águas ou submersos.

Ainda assim, segundo um relatório da Human Rights Council, Kim Jong-Un destacou áreas em desenvolvimento, como a qualidade de vida das populações e a importância da educação, saúde pública e a cultura.

Em contrapartida, referiu também que o país continuaria a apostar na sua capacidade auto-defensiva destacando que tinha “entrado na última etapa de preparação para um teste de lançamento de um míssil intercontinental”.

Posição da China

A Republica Popular da China, cujo presidente é Xi Jinping, adotou um projeto com a finalidade de aprofundar as relações com a Coreia do Norte.

Desde cedo, Pequim tem sido alvo de pressão internacional por parte dos outros países, para que consiga persuadir Pyongyang a desnuclearizar-se, visto ser o país com mais influência no regime norte-coreano.

A sua relutância perante esta situação demonstrava-se devido ao facto de não fazer parte dos seus interesses destabilizar o regime norte-coreano, comprometendo-se ao medo de um grande influxo de pessoas vindas da Coreia do Norte. Neste caso, agravar-se-iam os problemas demográficos chineses, e reunificar-se-ia a Península Coreana, que eventualmente traria uma vantagem geopolítica aos norte-americanos.

No entanto, acontecimentos recentes como o novo lançamento de um míssil em início de fevereiro e ainda o assassinato de Kim Jong Nam, meio-irmão de Kim Jong-Un e protegido da China, na Malásia, mostraram uma afronta direta a Pequim, deixando Jinping ainda mais nervoso.

Em resposta ao sucedido, a China decidiu cortar todas as importações de carvão norte-coreanas até o final do ano, assegurando assim a efetividade das sanções das Nações Unidas e atacando o suporte económico de Pyongyang, cuja base são as exportações de carvão para território chinês.

Situação Sul-Coreana

Face ao constante perigo dos lançamentos dos misseis vindos do norte, a Coreia do Sul e os Estados Unidos têm começado negociações para a instalação de um sistema Terminal High altitude Area Defense (THAAD), de modo a abater misseis balísticos de curto, médio e longo alcance e, assim, proteger o território sul-coreano de qualquer potencial ataque.

Em contraste com esta ideia, a China manifestou o seu desagrado em relação à instalação do sistema defensivo, argumentando que este poderá ser utilizado tanto contra Pyongyang como contra Pequim, suspeitando de um possível “espiar” da parte norte-americana. O porta-voz do Ministério de Relações Estrangeiras chinês Hua Chunying remeteu para a ideia de que se deve  “tomar em conta interesses de segurança de outros como também a paz regional e estabilidade”.

Com a Coreia do Sul a preparar-se para a instalação do sistema THAAD por um lado e, por outro, a China a protestar contra a instalação do mesmo, aconselhando a “tratar do problema prudentemente”, Hua Chunying insiste na ideia de que “o interesse nacional de outros países e paz regional deveria também ser parte das considerações quando qualquer nação quer melhorar a sua segurança nacional”.

 

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