Política
TEMER EM XEQUE: O QUE SE ESTÁ A PASSAR NO BRASIL?
Segundo Fórum Económico Mundial, o Brasil é o 4º país mais corrupto do mundo. Os principais partidos políticos do país (PT, PMDB e PSDB) são muitas vezes acusados de manter promíscuas relações com grandes empresas brasileiras.
Empresas como a Petrobras, a JBS e a Odebrecht, já estiveram envolvidas em mediáticos processos e escândalos relacionados com a corrupção.
Estas empresas adotaram já um “modus operandi” assente numa aliança com esses partidos de forma a obter benefícios mútuos. Ganham vantagens que vão desde privilégios na disputa de mercados e concursos públicos, a autorizações, empréstimos e isenções fiscais. Em troca, os partidos recebem avultados financiamentos para dispor nas respectivas campanhas eleitorais.
O terramoto político
No passado dia 17, o diário O Globo publicou uma notícia que pode comprometer a carreira política de Michel Temer, o atual presidente do Brasil.
Segundo a notícia, o presidente brasileiro terá autorizado o pagamento de um suborno para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, antigo líder da Câmara dos Deputados que se encontra atualmente preso na sequência da Operação Lava-Jato.
Temer ter-se-á encontrado em Brasília com o empresário brasileiro Joesley Batista, presidente da JBS, a maior produtora e maior empresa do setor da carne processada do mundo. Batista terá dito a Temer que pagava uma mesada a Eduardo Cunha para que este “não denunciasse ninguém”, a qual o presidente terá assentido.
No entanto, Temer desconhecia que a conversa estava a ser gravada pelo empresário, em colaboração com a polícia e em troca de imunidade quer para o empresário quer para a sua família, que eram indicados prática de atos de corrupção ativa.
O Palácio do Planalto, sede da presidência brasileira, reagiu imediatamente às notícias emitindo um comunicado onde confirma o encontro entre Temer e Batista, mas negando tais acusações e afirmando que o presidente jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio do ex-deputado.
E agora Temer?
Renúncia: Tem ocorrido inúmeras manifestações no Brasil a pedir a renúncia de Temer da presidência do Brasil.
Por enquanto, o Planalto tem negado a hipótese, mas a possibilidade ganha corpo com partidos aliados como o PSDB, a ameaçar sair do governo. Michel Temer recusou apresentar a demissão, afirmando que “se quiserem, derrubem-me, porque, se eu renuncio, é uma declaração de culpa”, em entrevista ao Folha de São Paulo. Reiterou ainda que o áudio da conversa que manteve com o empresário Joesley Batista, que aparentemente o incrimina, foi “manipulada e adulterada”.
Impeachment: Pouco tempo depois da publicação destas notícias, foram vários os deputados federais que exigiram, em plenário, a abertura de um processo de destituição do Presidente, Michel Temer. Essa saída levaria alguns meses. No caso de Dilma Rousseff, foram cinco meses entre a abertura do processo e o seu afastamento. São necessários os votos de dois terços da Câmara dos Deputados para afastar o presidente (342 deputados).
“Cassação da chapa”: Também o Tribunal Superior Eleitoral pode pôr fim ao mandato de Dilma-Temer. O presidente e a antecessora Dilma Rousseff vão ser julgados por abuso de poder económico e político na eleição de 2014.
O tribunal declarará a legalidade ou ilegalidade desta, e se a eleição for anulada, Temer terá de se demitir. Segundo o Jornal de Notícias, os aliados fiéis, mas pragmáticos, de Temer veem nesta “queda” pela via do julgamento no Tribunal Eleitoral “a saída mais honrosa” da crise em que se envolveu. O presidente poderia argumentar que caía por culpa de irregularidades nas contas de campanha cometidas pelo PT e por Dilma, e não por crimes ouvidos na gravação de Joesley.
Em consequência do impacto deste terramoto político que afetou gravemente o Brasil, o real, moeda brasileira, registou uma desvalorização face ao dólar, além disso deu-se a suspensão temporária e uma forte queda da bolsa brasileira que afectou drasticamente as maiores companhias.
Enquanto o mundo aguarda o desfecho deste impasse político, o presidente Michel Temer e seus aliados tentam encontrar estratégias de sobrevivência para o atual governo, sendo que os próximos dias serão cruciais.