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Política

CATALUNHA: O RASTILHO DO INDEPENDENTISMO NA EUROPA?

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A luta pela independência da Catalunha saltou para o topo da atualidade desde o passado mês de outubro com a realização do referendo que iria, segundo as autoridades catalãs, dar à população o direito de autodeterminar o seu futuro. O governo de Madrid, por sua vez, sempre classificou a consulta popular como “ilegal” e “inconstitucional”, desvalorizando-a aos olhos da comunidade internacional. Entre cargas policiais e acusações mútuas, o referendo acabou por se realizar e ditou a vitória do “sim”, dando origem à proclamação da independência por parte de Charles Puidgmont, presidente da Generalitat, e a sua consequente deposição.

A visibilidade que a questão catalã está a merecer devido ao prolongar do impasse político tem servido de inspiração para outros movimentos independentistas europeus que querem ver as suas reivindicações ouvidas. Para além de Espanha, também Inglaterra, Escócia ou Itália têm em mãos questões semelhantes que viram na Catalunha um novo folgo para a sua luta.

País Basco

A independência da Catalunha não é o único movimento do género a ameaçar a unidade da nação Espanhola. Paralelamente à questão catalã, existe também a luta basca que se distingue da anterior pelo seu caráter armado e até terrorista, graças à ETA formada em 1959. Em comum, as duas regiões têm o facto de terem visto todas as suas características identitárias reprimidas durante o regime franquista. Após a queda do ditador, as duas lutas ressurgiram, embora os seus líderes tenham optado por meios distintos. Atualmente, e face aos recentes desenvolvimentos na Catalunha, os bascos adotaram uma postura de apoio ao referendo e à luta pacifista que a população catalã tem posto em prática.

Escócia

A discussão em torno da permanência da Escócia no Reino Unido teve como ponto alto o referendo de 18 de setembro de 2014. À pergunta “Deve a Escócia ser um país independente?”, 55,3% da população respondeu “não”, o que poderia ter colocado um ponto final numa discussão que perdura desde o século XVIII, período em que o Tratado da União foi assinado. Mas a conjuntura britânica mudou desde então, já que o Reino Unido decidiu abrir a porta de saída da União Europeia, decisão que pode fazer ressurgir a instabilidade, uma vez que 62% dos escoceses alega não ser a favor do Brexit. Nicola Sturgeon, primeira ministra escocesa, já anunciou a intenção de convocar um novo referendo, entre o outono de 2018 e a primavera de 2019.

Flandres

A região da Flandres, localizada no norte da Bélgica, é um dos casos de independentismo mais flagrantes no centro do velho continente. Num país extremamente dividido pelas diferenças culturais, a Flandres tem na etnia do seu povo o principal traço cultural distintivo. A língua mais falada nesta região é o holandês, em oposição ao francês, idioma adotado na parte sul do território belga também denominado de Valónia, e na região de Bruxelas em que predominam as duas línguas. Embora as pretensões de independência predominem, a Flandres é uma região administrativa e política com um governo, parlamento e receitas específicas.

Córsega

A Córsega é uma ilha situada no Mar Mediterrâneo com pertença ao Estado francês desde 1768, ano em que Napoleão Bonaparte invadiu o território e o desintegrou de Itália. Desde então, o nacionalismo corso tem reivindicado a independência da região, assim como a autodeterminação do povo. Na base dos desejos de independência estão as fortes diferenças culturais, já que a própria população se identifica mais com a identidade italiana do que com o país que a administra. Também neste território existe uma língua própria, o corso, que apresenta fortes influências italianas e até semelhanças com o português. A luta pela independência cursa é feita maioritariamente pelo partido Corsica Libera.

Padania

A Padania é uma região situada no norte de Itália e o seu movimento independentista tem como principal impulsionador o partido Liga Norte, formado em 1991 como resultado da fusão de vários partidos nacionalistas da zona norte. Em 1996, foi feita pelo presidente da Liga Norte uma declaração unilateral de independência da Padania, juntamente com o anúncio da realização de um referendo para o ano seguinte. A consulta popular teve como resultado 97% dos votos a favor da independência, embora a comunidade internacional nunca a tenha reconhecido. Na constituição prontamente apresentada após o referendo, os nacionalistas incluíram medidas como moeda, língua e bandeira própria, bem como a anexação de territórios localizados nas proximidades. Nos últimos anos, o movimento perdeu força, já que grande parte dos italianos residentes na região deixaram de se identificar com a causa independentista.

Infografia: Margarida Magalhães

Infografia: Margarida Magalhães

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