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Política

ALEMANHA: IMPASSE POLÍTICO PODE CONDUZIR A NOVAS ELEIÇÕES

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Após as eleições de 24 de setembro, Angela Merkel viu-se a mãos com uma série de negociações para garantir uma governação estável para os próximos anos, já que os 33% alcançados pela CDU, juntamente com a CSU, exigiram acordos para a formação de um governo maioritário.

Martin Schulz, antigo presidente do Parlamento Europeu e atual líder do SDP, fez anunciar, mesmo antes das eleições, que o seu partido não estaria disponível para qualquer tipo de coligação, inviabilizando a repetição da aliança que governou a Alemanha nos últimos 4 anos.

Desta forma, o Partido Liberal (FDP) e os Verdes assumiram-se como únicas opções possíveis para Merkel, que também havia excluído a hipótese de qualquer negociação com o AfD (extrema-direita) e com o Die Linke (extrema-esquerda).

Um mês depois do início das conversações e chegados a um momento decisivo, Christian Linder, líder do FDP, anunciou a rutura com os parceiros de negociação e a suspensão de qualquer tipo de acordo futuro.

Na base da cisão entre as forças políticas estão as “diferentes visões”, no que toca ao processo de modernização do país, assim como no conceito comum de “confiança”, uma vez que, segundo Linder, “foram postos novamente em causa compromissos já alcançados”.

“É melhor não governar do que governar mal”

Christian Linder

Alguns meios de comunicação social alemães apontam as áreas como o meio ambiente, a política fiscal e o acolhimento de refugiados como os pontos de discórdia entre as quatro fações políticas.

No último caso, relativo ao acolhimento de refugiados, esta já havia sido uma questão fundamental das eleições de setembro e ganha agora nova força devido ao “regresso” que as autoridades alemãs estão a tentar impor aos migrantes que entraram no país nos últimos anos. Estima-se que entre 2015 e 2016 tenham sido 1,2 milhões.

Caso as negociações não cheguem a bom termo, o cenário mais evidente, neste momento, é o de novas eleições, possibilidade pela qual Angela Merkel já manifestou nutrir preferência, face à situação atual. A própria já fez saber que está “cética” em relação ao futuro das negociações.

O que muitos temem, caso o cenário de novas eleições se concretize, é a cimentação do resultado obtido pelo AfD nas legislativas de setembro – 13% – que lhe permitiu entrar pela primeira vez no parlamento alemão desde a Segunda Guerra Mundial.

Embora a chanceler não coloque de lado a possibilidade de um acordo entre os quatro partidos, já apelidou o processo de “difícil” e coloca mesmo a possibilidade de este se prolongar “até ao Natal”. Mesmo assim, Merkel apontou como ponto chave para o sucesso das conversações a “boa vontade” de todos.

O Chefe de Estado alemão, Frank-Walter Steinmeier, já veio apelar ao sentido de responsabilidade dos intervenientes, de forma a que estes não devolvam aos eleitores as decisões que lhes compete tomar: “É uma responsabilidade da qual [os políticos] não podem fugir”, afirmou.

A presente onda de instabilidade que a Alemanha enfrenta colocou Angela Merkel no olho do furacão, mais do que alguma vez esteve. O seu perfil “inflexível” e a fama de “negociadora exímia” estão colados a si e os líderes dos partidos envolvidos nas negociações usam estas características como arma de arremesso, na hora de encontrar um culpado para o colapso das negociações.

Após 10 anos como chanceler, Merkel parece estar mais frágil que nunca e há mesmo quem aponte a atual crise política como o final da sua liderança.

O atual cenário político alemão tem repercussões diretas no funcionamento das instituições europeias que enfrentam momentos decisivos nas duras negociações do Brexit. Mesmo assim, Margaritis Schinas, porta-voz da Comissão Europeia, veio informar que “a Europa vai continuar a trabalhar”, independentemente do que possa ser definido na Alemanha e que os trabalhos não vão parar: “A Europa não vai fazer uma pausa”, declarou.

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