Política
ISRAEL E PALESTINA: UM CONFLITO EM EBULIÇÃO
No passado dia 14 de maio, foram mortos 60 palestinianos e mais de 2000 ficaram feridos devido aos ataques dos militares israelitas, na fronteira entre os dois estados. Ao contrário dos palestinianos, o exército israelita está fortemente armado, com snipers e bombas de gás lacrimogéneo. E, apesar do partido palestiniano no poder – Hamas – ser considerado terrorista por muitos, e de já ter usado violência para atingir os seus objetivos, no dia 14, aqueles que se aproximaram da fronteira iam desarmados.
Estes confrontos recentes surgiram no seguimento de uma semana de comemorações para a região. Os palestinianos presentes na Faixa de Gaza, celebravam a “grande marcha de retorno”, uma série de protestos, com a ideia de “regressar a casa” em mente. A principal razão dos protestos foi, no entanto, a inauguração da nova embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém. A inauguração ficou marcada para dia 14, que no calendário ocidental, coincide com o 70º aniversário da independência de Israel. Por conseguinte, os palestinianos decidiram fazer-se ouvir e rumaram para a fronteira.
Os cerca de 90 quilómetros de distância que separam Jerusalém da Faixa de Gaza, não impediram as celebrações de se realizarem. Ivanka Trump e Jared Kushner mostraram-se satisfeitos por ali estarem e Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, não escondeu o seu entusiasmo: “Caros amigos, que dia glorioso! Lembrem-se deste momento! Isto é História!”. Mas o político não era o único festivo, o bairro da embaixada estava decorado com bandeiras de Israel e dos EUA, assim como cartazes com a mensagem “Obrigada presidente Trump”.
O fim da marcha, prevista para terminar no dia do Nakba (segundo o calendário gregoriano, Nakba é no dia a seguir à comemoração da Independência de Israel), que lembra a fuga de cerca de 700,000 palestinianos das suas cidades após a primeira guerra entre árabes e judeus, em 1948, foi celebrado num ambiente pesado e trágico, com a realização dos funerais das vítimas do dia anterior.
A maioria dos protestantes são jovens que nunca saíram de Gaza e que afirmam não terem nada a perder. Este sentimento é partilhado pela restante população de Gaza, dado que estes vivem em condições desumanas, graças ao bloqueio económico e comercial exercido pelos governos do Egpito e de Israel. O bloqueio apenas permite a entrada de bens humanitários. Assim, os palestinianos de Gaza têm acesso muito limitado a água e só usufruem de eletricidade durante 4 horas por dia. A taxa de desemprego jovem chega a atingir os 60%.
O uso de balas reais contra manifestantes desarmados foi muito mal vista aos olhos da comunidade internacional. Foram vários os países que manifestaram o desagrado contra a política de ataque de Israel. O presidente francês, Emmanuel Macron, condenou “a violência das forças armadas israelitas contra os protestantes”. Contrariamente, o primeiro-ministro de Israel, culpou o Hamas pelos incidentes e defendeu as ações do exército afirmando que “cada país tem direito a defender as suas fronteiras”.
Numa sessão de emergência do Conselho de Segurança da ONU, foram vários os membros que pediram uma investigação relativa ao incidente em Gaza. Contudo, as resoluções propostas foram vetadas pelos Estados Unidos. Estes deixaram a sua posição quanto ao conflito bastante clara, quando em dezembro de 2017, a Casa Branca anunciou o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, e a consequente mudança de local da embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.
Com o aumento da tensão entre Israel e a Palestina, e com a divisão de opiniões na comunidade internacional, será possível chegar a um consenso num futuro próximo?
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