Política
UM FIM DE SEMANA DIPLOMÁTICO
Nos dias 8 e 9 de junho, os líderes mundiais encontraram-se na cidade canadiana do Quebeque. O grupo G7 é constituído pelas economias mais avançadas no mundo — Alemanha, Reino Unido, França, Canadá, Estados Unidos, Itália e Japão. Também a Rússia era membro, até ter sido expulsa, em 2014, após a invasão da Crimeia.
O grupo encontra-se para conferências anuais que se constituem como uma oportunidade para os líderes mundiais discutirem sobre os assuntos diplomáticos e económicos que marcam a atualidade. Este ano, a igualdade de género, as alterações climáticas e o comércio internacional eram os temas planeados, no entanto, foi o último que dominou o encontro.
Mesmo antes do início da cimeira, o ambiente entre estes países estava um tanto abalado. Donald Tusk, presidente do Conselho Europeu, afirmou, em declaraçoões ao The New York Times, que a tensão estava já instalada devido ao contexto político que as recentes decisões de Donald Trump provocaram, tais como a saída dos EUA do pacto nuclear com o Irão e a saída do Acordo de Paris, referente às alterações climáticas. A mais recente ordem que saiu da Casa Branca dias antes da cimeira foi o aumento das taxas alfandegárias do aço e do alumínio importados da União Europeia (UE), do Canadá e do México.
Tornou-se claro que o presidente norte-americano estaria isolado neste G7 relativamente ao comércio global. Trump começou por exigir o fim das taxas alfandegárias aos produtos norte-americanos, ameaçando os seus parceiros com perda de acesso à sua economia e com um ponto final à relação comercial com qualquer um dos países.
Face a esta política protecionista, a UE e o Canadá garantiram igualar estas medidas. Justin Trudeau, primeiro-ministro canadiano, criticou duramente e anunciou medidas retaliatórias a serem postas em prática a 1 de julho, caso Trump não recue. A UE já anunciou a subida das taxas alfandegárias em produtos americanos, ao qual Washington respondeu ameaçando a indústria de automóveis, que representa ¼ das exportações para os Estados Unidos.
O clima de tensão adensou-se ainda mais entre o G7 com a sugestão de Trump de trazer a Rússia de volta ao grupo. À saída da cimeira, perguntou: “Porque é que estamos a ter esta reunião sem a Rússia? Gostem ou não, temos um mundo para comandar.”
No entanto, a Rússia parece estar mais interessada noutros assuntos. Vladimir Putin, presidente russo, passou os últimos dias em visita à China, onde recebeu a Medalha da Amizade da República Popular da China e vários elogios de Xi Jinping, presidente chinês.
No sábado foi emitido o comunicado final do G7, que defende um sistema internacional de comércio “livre, justo e mutuamente benéfico” e “assente em regras”, para combater as políticas protecionistas. Para surpresa de todos, depois do comunicado final da cimeira ter sido divulgado, o presidente americano levou para o Twitter o seu descontentamento perante comentários feitos por Trudeau numa conferência de imprensa, acabando por retirar o seu apoio do comunicado.
Donald Trump saiu da cimeira do G7 mais cedo para preparar o encontro com Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte e os restantes líderes mundiais despediram-se da cimeira preocupados com o futuro do comércio internacional.
Já em Singapura, Donald Trump e Kim Jong-un fizeram história. Nunca antes um presidente norte-americano, ainda no cargo, tinha reunido com um líder norte-coreano. O encontro, sem precedentes, foi seguido por todo o mundo.
Depois de dois dias intensos de conversações e debates, foi emitido um comunicado final apelando à segurança, estabilidade e paz duradoura. O comunicado conjunto garante medidas de segurança para a Coreia do Norte, relações pacíficas entre os dois países, a confirmação da desnuclearização da Península Coreana, a recuperação de restos mortais de soldados, a retirada das tropas americanas do solo da Coreia do Sul e o fim de exercícios militares provocativos.
A caminho de Washington, e ainda sobre o encontro com Kim Jong-un, Donald Trump foi interpelado por um jornalista que afirmou que “[Kim Jong-un] é um assassino. Ele executa pessoas”. O presidente norte-americano respondeu com vários elogios ao líder norte-coreano e acabou mesmo por declarar que “ele fez algumas coisas muito más sim, mas também outras pessoas o fizeram. Poderia nomear um lista de nações onde coisas muito más aconteceram”.