Política

POLÓNIA: UM PAÍS NACIONALISTA?

Published

on

Atualmente, o nacionalismo afigura-se como um dos temas mais discutidos na Europa e no Mundo. Caracterizado por um sentimento de valorização marcado pela aproximação e identificação com uma nação, este tem trazido consigo inúmeras questões relativas à unidade dos países e em como lidar com a questão dos refugiados. A Polónia encontra-se no centro do debate.

Um olhar pela história e política do país

Fundada em meados do século X, a Polónia foi invadida e anexada em vários momentos da sua história. Destacam-se a anexação pelo Império Russo, no âmbito do Congresso de Viena em 1815; a invasão pela Alemanha a 1 de setembro de 1939 (que deu origem à Segunda Guerra Mundial) e logo a seguir pela URSS; e a instituição de um governo comunista pela URSS em 1945, que perdurou até à queda da mesma.

Um dos episódios a destacar na história da Polónia é, sem dúvida, o Holocausto. Auschiwtz localiza-se no sul do país e é o campo de concentração mais conhecido da Segunda Guerra Mundial. Apesar do objetivo principal do regime nazi ter sempre sido exterminar o povo judeu, várias as outras etnias e nacionalidades foram igualmente perseguidas durante a guerra, como o caso dos polacos. Os dirigentes alemães planearam a sua completa destruição, tornando-os escravos e proibindo-os de casar e de receber qualquer tipo de ajuda médica. O objetivo era o extermínio/genocídio, pelo que a Polónia foi um dos países que mais sofreu durante esta época da História.

Fotografia: Site Mega Curioso
Vista exterior de Auschwitz, Polónia.

Outro ponto importante a analisar é o seu sistema político, bem como a sua atual representação política. A Polónia é uma democracia com um sistema parlamentarista de governo, sendo o presidente o chefe de Estado e o primeiro-ministro o chefe de Governo. O presidente nomeia o Governo por proposta do primeiro-ministro, de acordo com a maioria parlamentar da câmara baixa do parlamento, o Sejm. O parlamento é então constituído por duas câmaras: o Senado, com 100 cadeiras, e o Sejm, com 460.

A Polónia é atualmente governada pelo partido Lei e Justiça, fundado em 2001 pelos gémeos Lech e Jarosław Kaczyński. A linha ideológica do partido identifica-se com a direita, o nacionalismo conservador e a democracia-cristã, sendo este crítico do europeísmo e defensor de uma aliança com a NATO. O Lei e Justiça é o maior partido no parlamento polaco, tendo conseguido 235/460 representantes para o Sejm e 61/100 para o Senado nas eleições de 2015; e 18/51 deputados nas eleições europeias de 2014.

Casos polémicos relatados nos media

A Polónia tem estado no centro das atenções do media, com um conjunto de casos que alertam para a proteção dos direitos humanos no país e na Europa.

Em 2017, o país recusou, juntamente com a Hungria, acolher refugiados no âmbito de um acordo de 2015 que previa que os países da UE iriam acolher 160 000 pessoas. Em resposta, Elzbieta Witek, chefe do gabinete do primeiro-ministro, reiterou que “um bom cristão é alguém que ajuda, não necessariamente ao aceitar refugiados”.

No final de 2018,  foi reportada a falta de liberdade de expressão no país: segundo um comunicado da gazeta Wyborzca, entre 2016 e 2018, foram despedidos quase 300 jornalistas do serviço público.

O caso mais noticiado nos media portugueses foi a agressão a uma estudante portuguesa, Linda Pereira. Socióloga de 25 anos, fazia voluntariado em Sosnowiec, na Polónia. Linda foi agredida num bar que visitou com os amigos voluntários, na primeira vez que saiu à noite no país. A estudante reportou que o seu atacante (o segurança do bar) a agrediu com pontapés e socos, dizendo-lhe: Nada de cabrões pretos. Só brancos”. Linda queixou-se da falta de ajuda e indiferença dos polacos e da mínima intervenção da polícia.

A Polónia é um país com uma história muito complexa: as várias invasões e anexações, bem como a mistura de etnias e nacionalidades influenciam os acontecimentos e a maneira de pensar dos seus cidadãos. Numa Europa marcada pela ascensão de nacionalismos e partidos anti-imigração, é importante perceber a história dos países que a constituem, uma vez que, sem ela, é impossível compreender o que está a acontecer atualmente.

Leave a Reply

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Exit mobile version