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Política

DOSSIÊ ‘PROTESTOS GLOBAIS’: SINDICATOS E ‘COLETES AMARELOS’ JUNTOS CONTRA MACRON

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Manifestação da Confederação Geral de Trabalhadores (CGT) francesa, em Paris. Foto: CGT

Manifestação da Confederação Geral de Trabalhadores (CGT), em Paris. Foto: CGT

Este artigo é o segundo de uma série de quatro que o JUP dedica aos protestos populares que saíram à rua, nos últimos meses, em diversas regiões do mundo. 


Estas manifestações ocorrem justamente num período em que a popularidade de Emmanuel Macron se encontra em baixa. Para isso muito contribuiu o movimento dos “coletes amarelos” (ou gilets jaunes), ação que tem causado um considerável impacto na política francesa e desgastado notoriamente a imagem do Presidente perante a população.

Foi neste contexto adverso que o governo decidiu lançar uma proposta de reforma das pensões, propondo um “sistema universal” face às atuais 42 modalidades de pensionistas e alegando a necessidade de que a mesma fosse aprovada de forma urgente.

Esse facto, o qual também possuía a pretensão de melhoria da aceitação do presidente, despoletou uma crise que deu início, em Dezembro, a protestos nas ruas de diversas cidades francesas, unindo grevistas de diversos setores públicos e resultando numa corrente de convulsão social e violência de ambas as partes do “debate” público.

Neste cenário, o primeiro-ministro Edouard Philippe afirmou, numa entrevista ao Journal du Dimanche, que está “determinado a levar a reforma até o fim” e que vai “responder às preocupações da população”.

Porém, o líder da Confederação Geral do Trabalho (CGT), Philippe Martinez, assegurou, num dos dias de movimentações sociais, que “os franceses não querem esta proposta. O Governo tem tentado dividir-nos, tentando estigmatizar aqueles a quem chama de ‘privilegiados’. Por isso, a resposta está nas ruas. Os setores privado e público, estão todos aqui. Os reformados estão aqui, os jovens estão aqui. Isso mostra que somos todos afetados por esta má proposta e estamos todos aqui para dizer que não a queremos”.

As greves têm-se sucedido, e a rota de colisão ou disputa de narrativas que sindicatos e outros setores da população francesa estabeleceram contra a política de Macron não parece perto de um desfecho.

Emmanuel Macron tenta ser exemplo

Num esforço de apaziguamento, o presidente de França anunciou, no último dia 21, que abdicará de um privilégio que possui por uma lei de 1955, na qual é assegurado aos ex-presidentes o direito a uma pensão vitalícia. O valor seria de aproximadamente 6220 euros brutos por mês e Macron poderia usufruir disso no fim do seu mandato.

“Trata-se de [uma questão de] exemplo e coerência”, disseram as autoridades. Isso, na conjuntura política e circunstâncias sociais atuais, revela a tentativa do presidente de demonstrar à população que a universalização que consta na proposta governamental de reforma das pensões de facto existirá, além de ser uma tentativa também de melhorar a sua imagem, desgastada com todo o processo.

Ademais, o Palácio do Eliseu – residência presidencial – comunicou que Emmanuel Macron não fará parte do mais alto órgão constitucional francês: o Conselho Constitucional. Isto porque o Conselho, integrado por ex-presidentes, confere o direito ao recebimento de 13500 euros mensais.

Coletes Amarelos’ estão de regresso

OsColetes Amarelos’, movimento que vinha criticando as medidas do governo atual de França, entraram num relativo ostracismo após o incêndio em Notre-Dame e, principalmente, face às greves e manifestações contra a reforma das pensões, as quais ocupam o centro das atenções da política francesa há várias semanas.

Todavia, o referido movimento voltou às ruas no dia 21 de Dezembro em diversas cidades do país, como Perpignan, aproveitando a continuação da greve no período natalício para reforçar as manifestações dos sindicatos. Além disso, em Paris esteve presente na mesma data para protestar contra as políticas de Macron.

A polícia proibiu as manifestações em pontos turísticos da cidade, nomeadamente em torno da Avenida dos Campos Elísios e próximo à Catedral de Notre-Dame, o que foi interpretado como um ultimato pelos organizadores e ao entardecer as primeiras ocorrências de violência já eram reportadas. Ao fim do dia foram registados feridos e detidos pela polícia.

O movimento dos coletes amarelos começou suas atividades em Outubro de 2018 como resposta à subida no preço dos combustíveis e às más condições económicas, mas logo se tornou mais amplo e começou a manifestar-se contra as medidas de Emmanuel Macron. Desde a destruição parcial da catedral que é símbolo de Paris que não havia atividades. Porém, com a proposta atual do governo, o grupo retorna às ruas para reforçar os movimentos grevistas.

Texto da autoria de Andrei Leão. Revisto por Miguel Marques Ribeiro.

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