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Política

PEQUENOS PARTIDOS: COMO O CHEGA QUER CONSTRUIR UM PORTUGAL MAIS CONSERVADOR

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André Ventura, deputado do Chega, partido de direita radical, no hemiciclo da Assembleia da República.

André Ventura, deputado do Chega, partido de direita radical, no hemiciclo da Assembleia da República. Fonte: CHEGA

Desde a sua criação em abril de 2019 e a eleição do primeiro deputado em outubro do mesmo ano, o partido político CHEGA viu as intenções de voto crescer consideravelmente nas sondagens. O barómetro da Intercampus de fevereiro de 2020 atribui 6,1% ao partido de Ventura, o que representa um claro avanço relativamente aos resultados obtidos nas últimas eleições (1,29%).

A ideologia radical e conservadora do CHEGA

De acordo com o documento denominado “70 medidas para reerguer Portugal”, presente no site oficial do partido, o CHEGA defende políticas que têm por base a história nacional e o que designam de legado português.

Isto resulta na defesa de medidas restritivas à entrada de refugiados em Portugal e na distinção entre portugueses e emigrantes, ou seja, o nós e o outros, remetendo para políticas mais rígidas em relação à obtenção da nacionalidade portuguesa e ao “fim da comparticipação para residentes legais (…) em Portugal”.

Para além disto, o CHEGA defende a revogação da Lei de Género e Igualdade e o fim da aplicação do que se designam de ideologias de género e inclusivas no âmbito do sistema educativo português.

Posição do Partido perante casos de racismo

Mais recentemente, Portugal deparou-se com uma polémica que enfatiza a presença do racismo no desporto. Marega, jogador do Futebol Clube do Porto, abandonou um jogo no dia 16 de fevereiro devido a atos racistas por parte de adeptos da equipa adversária. Apesar de diversas reações nas quais estas atitudes racistas foram repreendidas, André Ventura não se pronunciou sobre o caso, afirmando que o país se depara com uma crise de hipocrisia, alegando que Portugal enfrenta “a Síndrome Joacine”.

No entanto, esta polémica não é a única que envolve atitudes racistas no país. Já no dia 19 de janeiro, uma mulher foi vítima de agressões físicas e violência racial por parte de um agente da PSP na Amadora. Cláudia Simões foi encaminhada para o hospital gravemente ferida. Esta notícia mereceu a atenção da linha SOS Racismo que condenou a ação policial. Ventura reagiu à situação, comentando que a agressão da PSP foi uma “atuação legítima”.

Por fim, reagindo a uma intervenção de Joacine Moreira, deputada de origem africana que apelava à devolução do património cultural das ex-colónias portuguesas, André Ventura afirmou que Joacine deveria “ser devolvida ao seu país de origem” uma vez que “seria muito mais tranquilo para todos”. Esta situação levantou acusações de racismo por parte de diversos políticos portugueses e dos media.

O contexto europeu

Portugal segue assim a tendência de extrema direita já sentida em inúmeros países europeus, entre eles França com a Frente Nacional, Itália com o Lega, Holanda com o Partido para a Liberdade e Bulgária com o Volya. Todos estes partidos políticos têm por base políticas anti-imigração que atualmente têm grande relevância no sistema internacional.

Em Portugal esta nova força conservadora é ainda pouco expressiva apontando, no entanto, para um gradual crescimento. É legítimo assim afirmar que o quadro de atitudes da sociedade portuguesa reflete esta escalada de popularidade do partido de direita radical, defendendo valores progressivamente mais conservadores.

À medida que o CHEGA cresce e aumenta o número de militantes, André Ventura ambiciona estender a sua influência e já oficializou a candidatura à Presidência da República.

Texto da autoria de Marta Marafona. Revisto por Miguel Marques Ribeiro.

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