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Política

Guerra da Síria: Conflito em Idlib sem solução à vista

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Dois tanques destruídos sob os escombros de uma mesquita em Azaz, no norte da Síria. Foto: Christiaan Triebert/ Wikipedia Commons

Dois tanques destruídos sob os escombros de uma mesquita em Azaz, no norte da Síria. Foto: Christiaan Triebert/ Wikipedia Commons

Em fevereiro, o regime sírio de Bashar al-Assad, apoiado pelo aliado russo, avançou para a província de Idlib com bombardeamentos aéreos, numa tentativa de afastar jihadistas e rebeldes que dominam mais de metade da região.

Apesar da presença dos postos de observação e dos avisos do governo turco, as forças sírias continuaram com a ofensiva sobre a cidade de Idlib, pelo que no dia 27 de fevereiro um ataque aéreo sírio fez 33 mortos turcos.

O clima de guerra escalou e rapidamente o governo turco pediu uma reunião urgente dos diferentes elementos da NATO. Tanto o secretário-geral Jens Stoltenberg como o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenaram os ataques aéreos do regime sírio juntamente com as forças russas, apelando a um rápido cessar-fogo.

De imediato, as forças turcas iniciaram ataques de resposta e deixaram milhões de sírios entre os exércitos turco e sírio, pelo que a grande maioria teve de procurar abrigo no país presidido por Erdogan.

No entanto, o mesmo admitiu não ter interesse e capacidade para receber os refugiados de guerra, pelo que as mais de 900 mil pessoas, maioritariamente mulheres e crianças, ficam sujeitos a campos de refugiados sem condições.

A falta de alimentos, a violência e o frio levaram à morte muitos refugiados, entre os quais 30 crianças. De facto, estima-se que cerca de 11 milhões de pessoas na Síria necessitem de ajuda humanitária, 6,5 milhões passam fome, sendo que quase metade são crianças.

Perante o escalar da guerra surgiram novas reuniões entre os mais altos representantes da Turquia e Rússia. Os dois países concordaram na necessidade de reduzir o clima de guerra e conflito, de forma a proteger as vidas que correm perigo na região de Idlib.

Simultaneamente, Erdogan avisava que ia abrir as fronteiras aos migrantes e uma maré de sírios começou a tentar a sua sorte de entrar na Europa. Esta medida foi vista como uma tentativa de chantagem para com a União Europeia.

A Grécia foi o país mais visado com este anúncio, pois viu muitos refugiados chegarem à sua fronteira. As autoridades gregas intervieram reforçando as forças de segurança junto à sua fronteira, disparando gás lacrimogéneo para dispersar os milhares de refugiados e pedindo auxílio à Frontex, a agência europeia da guarda costeira.

Esta, num encontro realizado em Varsóvia, comprometeu-se a apoiar o país grego e agir consoante o espírito solidário da união europeia, com apoio de pessoal e de equipamento. De momento, pelo menos 100 mil refugiados estão distribuídos pelos 200 quilómetros de fronteira entre os países grego e turco.

Mantendo a sua posição de poder, o presidente turco, Erdogan, continuou a transmitir a mensagem de que as suas fronteiras estarão sempre abertas até que a UE responda às suas exigências: apoio no combate na fronteira com a Síria e apoio na receção ao elevado número de refugiados que ascende já a 3,6 milhões de sírios.

O mesmo presidente afirma também que a Turquia que cumpre ordens ocidentais sem fazer perguntas já não existe. No mesmo tom provocatório, Erdogan comparou as autoridades gregas aos nazis, por expulsarem à força milhares de migrantes.

Perante esta crise migratória a presidente da comissão europeia confirmou a disponibilização de 700 milhões de euros para apoiar a Grécia na gestão das fronteiras e fluxos de refugiados e relembrou o presidente turco do acordo a que este se comprometeu em 2016, em que já tinha garantido apoios para assegurar o cuidado dos migrantes sírios pela Turquia.

Concomitantemente, a união europeia celebrou e congratulou o cessar-fogo acordado entre Rússia e Turquia a 6 de Março.

De momento, o cessar-fogo ainda é respeitado, no entanto a crise de refugiados cresce a cada dia, com o aumentar dos mesmos junto da fronteira com a Grécia e uma despreocupação da Turquia em auxiliar na resolução de toda a situação.

Texto da autoria de Luís Pinheiro. Revisto por Miguel Marques Ribeiro.