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Política

António Costa e Silva: A pessoa e as ideias para a recuperação da economia

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António Costa e Silva coordenador da preparação do Programa de Recuperação Económica e Social. Fonte: www.fct.unl.pt/

António Costa e Silva, coordenador da preparação do Programa de Recuperação Económica e Social. Fonte: www.fct.unl.pt/

CEO da Partex desde 2003, António Costa e Silva tem uma longa carreira associada ao setor energético e, na visão do Primeiro-ministro António Costa, um profundo conhecimento e a necessária experiência para criar e conceber um programa de recuperação da crise económica que a pandemia instalou.

Quem é António Costa e Silva?

Nasceu em 1952 em Angola, na cidade de Catabola, e foi também em África que deu início à sua atividade no setor das energias. Depois do 25 de abril, aos 28 anos, começou a trabalhar no departamento de produção da petrolífera angolana Sonangol. Passados quatro anos, ainda intimamente associado aos projetos petrolíferos passou a trabalhar na Companhia Portuguesa de Serviços.

Em 1998, em Lisboa, tornou-se diretor executivo da empresa francesa Compagnie Générale de Geophysique, posição que manteve durante 3 anos. Em 2001, mudou-se para Paris para ocupar os cargos de diretor de engenharia de reservatórios e diretor de operações no Instituto Francês do Petróleo. Esses cargos foram mantidos durante dois anos até chegar à Partex, onde ainda hoje se mantém.

A sua vida académica teve início no Instituto Superior Técnico, onde se licenciou em Engenharia de Minas. No Imperial College of London fez o mestrado em Engenharia dos Petróleos. Por fim, doutorou-se com uma tese sobre O Desenvolvimento de Modelos Estocásticos aplicados aos Reservatórios Petrolíferos.

Costa e Silva continua, ainda hoje, ligado à vida académica, sendo professor agregado no Instituto Superior Técnico.

Com um currículo amplamente ligado à indústria petrolífera, António Costa e Silva apresenta, na visão do primeiro-ministro, credenciais para elaborar um plano estruturado e eficaz para o relançamento da economia.

O plano de Costa e Silva para a recuperação da economia

António Costa e Silva, conselheiro escolhido pelo primeiro ministro António Costa, delineou um plano estratégico para o relançamento da economia após a crise pandémica que ainda vivemos. É um plano para os próximos 10 anos, que não só pretende responder a problemas imediatos, como também criar um sistema que garanta uma economia forte e sustentável no futuro.

O plano divide-se, na sua essência, em duas linhas estratégicas. Num primeiro momento, Costa e Silva defende a aposta na modernização das estruturas físicas do país, como o investimento na rede ferroviária, a remodelação das infraestruturas portuárias e também em qualificar o setor energético. Assim, com o investimento nas estruturas, o país estará apto para alavancar um maior número de exportações.

Num segundo momento, o CEO da Partex defende como fulcral uma aceleração da transição para a era digital. Costa e Silva afirma que a mudança e a adoção das tecnologias digitais deve ser transversal a todos os setores da economia portuguesa. Desde os serviços públicos às pequenas e médias empresas, a aposta no mundo digital deve ser elevada. De acordo com as suas projeções, a adesão ao mundo digital terá um impacto muito positivo na economia portuguesa.

O seu plano é bastante abrangente, e por isso, engloba também os meios mais rurais, defendendo a extensão da rede de fibra ótica a todo o país, visando o anulamento das diferenças sociais entre zonas.

Apesar da rapidez de elaboração do plano para dez anos da economia portuguesa, o processo não será veloz. O engenheiro de minas avisa que há uma nova condicionante em jogo: o medo. A crise pandémica ainda não acabou, e as pessoas apenas se sentirão seguras quando uma cura for descoberta. Isso tanto pode demorar meses como anos, o que não é positivo para a economia portuguesa.

Costa e Silva espera também que a dívida portuguesa não seja outra condicionante para o seu plano de recuperação. Quanto às ajudas da União Europeia, antevê dois cenários possíveis. Um primeiro no qual as ajudas cheguem sob a forma de subvenções, e desta forma o seu plano não será afetado, ou então um segundo, menos desejável, no qual as ajudas cheguem sob a forma de empréstimos. Este segundo cenário, não só implicará grandes alterações do seu plano de recuperação, como também aumentará a dívida pública portuguesa.

Por fim, o relançamento da economia não será um processo rápido nem fácil.

Reações à chamada de António Costa e Silva

Alguns dos partidos com assento parlamentar já mostraram a sua posição quanto ao novo conselheiro do primeiro ministro António Costa.

Rui Rio, secretário geral do PSD, mostrou o seu apoio à elaboração de um plano de recuperação da economia a dez anos. No entanto, afirma também que o partido não tem “rigorosamente nada a ver” com as escolhas do primeiro-ministro, desde que “no momento em que se for conversar sobre essas reformas, o interlocutor do Governo sejam os ministros”.

Além disso, Rui Rio expressou a sua admiração nas declarações de Costa e Silva. De acordo com o antigo Presidente da Câmara do Porto, “Aquilo que nós precisamos é precisamente de menos Estado, não só na economia, mas no nosso dia a dia e na nossa vida”.

Para terminar, afirmou também que estará sempre disponível para apoiar o governo, apesar de, caso seja preciso, criticar e apresentar estratégias alternativas. Rui Rio demonstrou, assim, a sua disponibilidade e interesse em colaborar e apoiar o governo no desenvolvimento de um plano construtivo e forte para a economia.

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, afirmou que “O senhor primeiro-ministro é aconselhado por quem acha que pode fazer esse trabalho, é livre de o escolher. O Bloco de Esquerda, naturalmente, negoceia com membros do Governo, como fez até agora e como mandam, aliás, as regras da boa transparência da nossa democracia”.

A posição de Francisco Rodrigues dos Santos, secretário geral do CDS, é igual à da líder esquerdista, afirmando que recusa falar com intermediários durante o processo de recuperação.

Concluindo, a posição dos diferentes partidos que se manifestaram é semelhante, defendendo o diálogo com o governo sem intermediários.

Artigo da autoria de Ricardo Terrinha. Revisto por Miguel Marques Ribeiro.