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Equador: Arauz e Lasso seguem para segunda volta das presidenciais

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Fonte: Facebook/ Consejo Nacional Electoral del Ecuador

O socialista Andrés Arauz, herdeiro político de Rafael Correa, venceu no passado mês de fevereiro a primeira volta das eleições equatorianas com 32,72% dos votos, um resultado que obriga à realização de uma segunda volta. O seu adversário será o candidato de centro-direita Guillermo Lasso que obteve 19,74%, um resultado que ficou aquém do que conseguira nas eleições de 2017, contra Lenín Moreno.

O socialista André Arauz venceu com 32,72%, mas terá de disputar uma segunda volta com o conservador Guillermo Lasso, que arrecadou 19,74% nas urnas

Apesar da vitória, o esquerdista teve um resultado abaixo daquele que as previsões apontavam. Em sentido oposto, Xavier Hervas, do partido Esquerda Democrática, foi uma das surpresas destas eleições, ao arrecadar cerca de 16% dos votos. Este resultado valeu-lhe o quarto lugar, apenas atrás de Guillermo Lasso e Yaku Pérez, que obtiveram o segundo e terceiro lugar, respetivamente.

Assim, a disputa pelo segundo lugar das eleições continua acesa e a dar que falar no Equador. Yaku Pérez, candidato indígena de esquerda, ficou atrás de Lasso por apenas 32.600 votos (19,39%), ficando fora da corrida à presidência.

Da esquerda para a direita: Andrés Arauz, Guillermo Lasso, Yaku Pérez

Acusações de fraude eleitoral

Pérez acusa o adversário conservador de fraude eleitoral e apresentou ao Tribunal Contencioso Eleitoral (TCE) um “recurso subjetivo” para contestar o resultado das eleições. “Conspira-se uma fraude (…) para nos impedir de chegar à segunda volta”, afirmou o advogado ambientalista.

Nos dias 13 e 14, os dois candidatos tinham chegado a acordo para que fossem contados todos os votos na província de Guayas e metade noutras 15 regiões, no entanto acabaram por se desentender quando Lasso pediu ao Conselho Nacional Eleitoral do Equador (CNE) para que certificasse os resultado e, apenas posteriormente, procedesse à recontagem. Desde então, ambos têm trocado acusações nas redes sociais.

O CNE respondeu favoravelmente ao apelo de Yaku Pérez e aprovou a recontagem de votos. As autoridades eleitorais detetaram inconsistências numéricas e assinaturas em falta

No dia 26 de fevereiro, o CNE respondeu favoravelmente ao apelo de Yaku Pérez e aprovou a recontagem de votos com quatro votos a favor e uma abstenção. As autoridades eleitorais detetaram inconsistências numéricas em dez listas de eleitores, assim como vinte e uma com assinaturas em falta.

O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, já veio demonstrar a sua confiança no TCE e apelou “a todas as partes para que ajam com responsabilidade e respeito pelo quadro institucional e jurídico”.

Qual é o panorama político no Equador?

Devido aos baixos níveis de aprovação, o atual presidente do Equador, Lenín Moreno, decidiu não avançar com a sua recandidatura.

O executivo de Moreno, além de ter sido criticado pela sua estratégia de combate à Covid-19, também teve que lidar ao longo do seu mandato com várias ondas de protestos. Em causa estavam as medidas de austeridade, impostas pelo executivo, que não foram bem recebidas pelo povo equatoriano, assim como corte de relações com Rafael Correa.

Lenín Moreno, presidente do Equador
Fonte: Flickr/Casa de América

Apesar de ter sido eleito com o apoio de Correa, que tinha completado o número máximo de mandatos no poder, Moreno rapidamente se afastou do seu antecessor e da esquerda em geral.

Desta feita, Andrés Arauz apresentou-se como o mentor do regresso das políticas de Rafael Correa ao Equador. O economista de 36 anos pretende romper com a austeridade que foi imposta por Moreno nos últimos anos, tendo prometido que irá aumentar os gastos do governo e distribuir mil dólares por um milhão de famílias.

Arauz dá a cara pela coligação Unión por la Esperanza, formada em 2020 pelas mãos de Rafael Correa – que ficou conhecido no panorama político internacional por ter concedido asilo ao fundador do Wikileaks, Julian Assange.

Andrés Arauz apresentou-se como o mentor do regresso das políticas socialistas de Rafael Correa ao Equador. Já Guillermo Lasso é o rosto do liberalismo económico nestas eleições

O ex-líder do Equador entre 2007 e 2017, que no ano passado foi condenado por corrupção, goza ainda de muita popularidade no país e, por essa razão, iria candidatar-se a vice-presidente de Andrés Arauz, mesmo estando a residir na Bélgica. O que impediu a sua candidatura ao cargo foi a pena de 8 anos por cumprir à qual foi sentenciado e as suspeitas de envolvimento no rapto do líder da oposição, em 2012, Fernando Balda.

Guillermo Lasso, que já concorre pela terceira vez consecutiva ao cargo de presidente, é o rosto do liberalismo económico nestas eleições. O ex-banqueiro quer afastar o país das políticas de esquerda e aumentar o investimento estrangeiro no país, assim como potenciar a produção de petróleo.

A terceira figura das eleições equatorianas é o líder do Pachakutik, Yaku Pérez. O ecossocialista dá voz ao movimento indígena no Equador quer negociar novos prazos para pagar o serviço da dívida com Fundo Monetário Internacional (FMI) e impedir a extração mineira em “zonas sensíveis”.

Pérez apresenta-se como alternativa à esquerda de Correa, no entanto é visto com desconfiança pelos progressistas, uma vez que já elogiou a queda de governos como o de Dilma Rousseff no Brasil e Cristina Kirchner na Argentina.

Artigo da autoria de André D’Almeida. Revisto por Marco Matos e José Diogo Milheiro.

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