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Política

EUA: Joe Biden e a volta à América em 100 dias

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Fonte: CNN Politics

Enquanto em corrida eleitoral, Joe Biden tinha na sua lista de prioridades a recuperação da economia, a vacinação em massa contra a Covid-19, o restabelecimento de relações externas com alguns países e também a reversão de algumas medidas anti-crise climática tomadas por Donald Trump. Quantas delas já conseguiu cumprir, agora que concluiu 100 dias como Presidente dos Estados Unidos da América? Confira aqui.

Crise Climática: Cimeira global e Acordo de Paris

Ainda antes de completar os primeiros 100 dias de presidência, Joe Biden cumpriu a promessa de organizar uma cimeira global sobre o clima, por si convocada e liderada, realizada à distância. Na cimeira afirmou que iriam trabalhar para reduzir as emissões dos EUA até menos 50% até 2030. Estiveram presentes vários líderes mundiais, aliados como Boris Johnson e Emmanuel Macron, mas também Putin e Xi Jinping, líderes com divergências de relevo.

A saída do Acordo de Paris, por decisão de Donald Trump em 2017, foi revertida no primeiro dia do democrata no poder. O 46.º Presidente dos Estados Unidos desde o início manifestou a sua preocupação com a crise climática, bem como a necessidade urgente de os Estados Unidos aumentarem os seus compromissos para a redução das emissões.

Justiça Social: Reforma policial e justiça transgénero

Biden assinou nos seus primeiros 100 dias de mandato ordens executivas para ajudar a dissolver as desigualdades econômicas e sociais entre os americanos, alimentadas pelas políticas econômico-sociais de Donald Trump.

No seguimento da condenação de Derek Chauvin pelo homicídio de George Floyd, Biden constatou que o racismo era “uma mancha na alma da nossa nação”

Em janeiro, Joe Biden assinou uma ordem executiva que permitirá a adesão de indivíduos transgénero no exército, assim como o tratamento médico assegurado enquanto estes estiverem a prestar serviço ao país. Esta medida entrou em vigor a 30 de abril.

Fonte: CNN Politics

A condenação, a 20 de abril, de Derek Chauvin, ex-agente que matou o afro americano George Floyd, foi novamente pretexto para Joe Biden falar do racismo sistêmico, “uma mancha na alma da nossa nação”. Ainda em abril, a nova administração afirmou que, com recorrência ao sistema legislativo, irá colocar em prática a reforma policial, ao invés do anunciado na campanha, na qual prometeu somente a criação de uma comissão liderada pela Casa Branca para a análise dos comportamentos policiais.

Imigração: Acompanhamento de migrantes na fronteira

O tema da Imigração tem sido muito debatido e tratado pelo novo Presidente. Biden, antagonicamente a Donald Trump, tem colocado em prática políticas e ações executivas que visam reunir famílias migrantes que tenham sido separadas na fronteira do México. 

Biden permite que os imigrantes permaneçam nos Estados Unidos enquanto aguardam a resposta ao pedido de asilo, o que não acontecia sob a administração Trump. Os fluxos de migrantes que chegam à fronteira sul têm sido acompanhados, com especial atenção às crianças que àquela chegam não acompanhadas. 

A vice-presidente, Kamala Harris, foi a nomeada para supervisionar os esforços no controle do fluxo de emigrantes provenientes da América Central. É a primeira grande tarefa que o Presidente atribui à sua vice.

Política externa: Tropas no Afeganistão acordo nuclear EUA-Irão

Desde que Joe Biden assumiu o cargo tem havido um grande enfoque nas relações externas com o Afeganistão, Irão e Rússia. 

Duas décadas depois de terem sido enviadas para a guerra no Afeganistão, o novo Presidente comprometeu-se a retirar as tropas até ao 11 de setembro de 2021. A retirada começará a 1 de maio, seguindo o acordo estabelecido entre Trump e os talibãs, a qual não será total, uma vez que algumas permanecerão para proteger os diplomatas americanos que por lá ficarão. O Presidente também avançou no sentido de salvar o acordo nuclear EUA-Irão estabelecido sob a presidência de Obama em 2015, que tinha sido abandonado pelo anterior Presidente em 2018.

A administração do 46º Presidente dos Estados Unidos emitiu sanções e expulsões diplomáticas à Rússia, como resposta à sua interferência nas eleições presidenciais de 2020. Na Europa vozes importantes, como a Jean-Claude Juncker referem que “Somos parceiros, parceiros leais, mas nós não somos os escravos e os vassalos dos Estados Unidos”, diz, em entrevista à Lusa. 

Covid-19: 200 milhões de vacinados

Quando Biden tomou posse, comprometeu-se que até ao seu 100º dia de presidência, 100 milhões de vacinas seriam administradas aos norte-americanos. A administração de Biden alcançou essa marca cerca de 40 dias antes do previsto, conseguindo atingir 200 milhões de doses no final do mês de abril. 

A mudança de Presidente em 2021 refletiu-se também numa mudança de paradigma pandémico para os Estados Unidos da América. O novo Presidente, para garantir um fornecimento eficaz e rápido das vacinas, invocou a Lei de Produção de Defesa com as farmacêuticas Pfizer e Moderna. Esta lei, usualmente utilizada em períodos de guerra, permite ao Presidente norte-americano forçar as empresas a produzir e a priorizar o fabrico para a segurança nacional. 

O sucesso na vacinação dos americanos, e a consequente prevenção, fez com que os Estados Unidos passassem de um nível caótico para o quarto país no mundo com o maior índice de vacinação

A rápida evolução e sucesso da vacinação permite à Casa Branca afirmar que, até final de maio, terão vacinas suficientes para todos os adultos. A criação de um programa que permitisse a vacinação em farmácias locais levou ao aumento do acesso às mesmas pelos cidadãos. Biden colocou também especialistas em saúde pública na frente do combate à pandemia na sua administração. 

Fonte: CNN Politics

O sucesso na vacinação dos americanos, e a consequente prevenção, fez com que os Estados Unidos passassem de um nível caótico para o quarto país no mundo com o maior índice de vacinação.

Economia: Ajudas económicas para a pandemia

Antes de tomar posse, Joe Biden pediu ainda ao congresso que aprovasse uma proposta de ajuda económica no valor de 1,9 mil milhões de euros. Este dinheiro visava ser distribuído sob a fórmula de estímulos e, essencialmente, para ajudar os desempregados e as empresas mais afetadas. 

A administração de Biden foi responsável pela atribuição de estímulos a mais de 160 milhões de americanos. Além disso, os seus esforços económicos e ajudas à recuperação não se prendem só com os indivíduos, mas também com variadas instituições. Na distribuição de fundos estiveram incluídas ajudas às agências estatais de educação e aos prestadores de cuidados infantis, de forma a permitir a sua reabertura. 

A rápida recuperação da economia nos Estados Unidos deveu-se também a uma ajuda proporcionada pelos diferentes estados aos cidadãos residentes. A atribuição de subsídios semanais no valor de 300 dólares e a redução dos impostos federais para indivíduos com um rendimento inferior a 10 mil dólares anuais permitiram a atenuação de alguns efeitos económicos da pandemia. 

Biden tem ainda usado os seus poderes executivos para garantir o alargamento das moratórias e a continuação de um plano de suspensão das prestações dos empréstimos aos estudantes

Artigo da autoria de Ricardo Terrinha. Revisto por Marco Matos e José Milheiro.

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