Autárquicas 2021

Autárquicas 2021: Oliveira de Azeméis

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Foto: André Almeida

Uma das maiores surpresas nas últimas eleições autárquicas foi a vitória do PS em Oliveira de Azeméis. Desde 1976 o concelho nunca tinha tido outra cor senão laranja. Joaquim Jorge foi o responsável pela vitória dos socialistas neste bastião do PSD com cerca de 50% dos votos. A reviravolta aconteceu após o antigo presidente oliveirense, Hermínio Loureiro, ter renunciado ao cargo, devido às acusações feitas no âmbito da operação “Ajuste Secreto”, e ter sido substituído por Isidro Figueiredo.

Sendo um concelho historicamente social-democrata, a expectativa é grande em relação à reação dos oliveirenses ao primeiro mandato socialista, conseguido por uma boa margem de votos. Mesmo a abstenção registou uma diminuição em 2017, o que se pode explicar pelas circunstâncias das eleições, em que não existia nenhuma recandidatura.

A assembleia municipal também foi ganha pelos socialistas, que conseguiram eleger quinze mandatos, enquanto o PSD apenas teve onze atribuídos e o CDS-PP um. O PS consegue arrecadar a maioria se somarmos também as vitórias nas juntas de freguesia.

A Vila de Cucujães, São Martinho da Gândara, São Roque, Fajões e a União de Freguesias de Oliveira de Azeméis, São Tiago de Riba-Ul, Ul, Macinhata da Seixa e Madail ficaram a cargo dos socialistas

Macieira de Sarnes, Ossela, Loureiro e a União de Freguesias de Nogueira do Cravo e Pindelo estão sob a tutela do PSD

Já o CDS-PP ganhou em Carregosa e na União de Freguesias de Pinheiro da Bemposta, Travanca e Palmaz. 

Por fim, a Junta de Freguesia de Cesar foi ganha pelo independente Augusto Moreira.

Retrato atual do município

Foto: André Almeida

É no extremo sul da Área Metropolitana do Porto (AMP) que encontramos Oliveira de Azeméis, um dos concelhos com o território mais extenso da região. Os censos realizados este ano dão conta da existência de 66.212 habitantes no município, um decréscimo populacional de 3,5% quando comparado com os valores registados em 2011. Pior só mesmo Vale de Cambra e Arouca, da sub-região de Entre o Douro e Vouga, e Santo Tirso. 

Sendo um concelho historicamente social-democrata, a expectativa é grande em relação à reação dos oliveirenses ao primeiro mandato socialista, conseguido por uma boa margem de votos. Mesmo a abstenção registou uma diminuição em 2017, o que se pode explicar pelas circunstâncias das eleições, em que não existia nenhuma recandidatura.

Aquela que é a ‘Capital do Espantalho‘, também é uma das autarquias mais envelhecidas da AMP. Em Oliveira de Azeméis existem 198,4 idosos para cada cem jovens. É o quinto valor mais elevado da região, atrás de Vale de Cambra, Espinho, Santo Tirso e Porto.

Algumas necessidades do concelho que podem justificar a diminuição de oliveirenses prendem-se com os acessos e a mobilidade. Oliveira de Azeméis faz parte do grupo de municípios que possui uma escassa oferta de transportes com ligação ao Porto, o que leva muita gente a optar por se deslocar com o automóvel. Veja-se que, tal como em toda a sub-região de Entre o Douro e Vouga, é das poucas autarquias da AMP que não goza do serviço urbano da CP – Comboios de Portugal.

Aliás, a requalificação da linha do Vouga tem sido muito reclamada na região – algo que está previsto para integrar o Plano de Investimentos 2030. A empreitada deverá estar no terreno até 2025, o que torna o mandato dos próximos quatro anos bastante desafiante para qualquer autarca que esteja à frente da câmara municipal.

Esse melhoramento dos acessos pode ser muito vantajoso para o concelho, até porque Oliveira de Azeméis é a casa de um forte tecido empresarial, com a produção de calçado, metalurgia, metalomecânica, vidro, plástico, cobres, colchões, etc. 

Tal como Santa Maria da Feira, possui cerca de 11,5 empresas não financeiras por cem habitantes, um valor que mesmo assim está abaixo da média da Área Metropolitana do Porto (12,5). Uma possível explicação para esse valor registado em 2019 pode ser o facto de nesse ano o concelho ter registado a segunda maior taxa de mortalidade empresarial da região, uma grande subida em relação aos anos anteriores.  

A requalificação da linha do Vouga tem sido muito reclamada na região – algo que está previsto para integrar o Plano de Investimentos 2030. A empreitada deverá estar no terreno até 2025, o que torna o mandato dos próximos quatro anos bastante desafiante para qualquer autarca que esteja à frente da câmara municipal.

De qualquer das formas, há que referir que Oliveira de Azeméis possui a segunda menor taxa de desemprego da AMP (4,1%), longe da média regional (6,6%). O concelho possui também o sétimo melhor ganho médio mensal de trabalhadores por conta de outrem, com um salário de 1.097,20€ por mês. No entanto, os oliveirenses têm o terceiro pior poder de compra per capita da região, segundo dados de 2017.

No que diz respeito ao mercado imobiliário, os oliveirenses contam com o oitavo valor mais elevado do preço médio de vendas de propriedades urbanas, ficando à frente de Santa Maria da Feira, São João da Madeira e Gondomar, por exemplo, que se encontram mais próximos do centro da metrópole. Assim sendo, Oliveira de Azeméis perde uma possível vantagem comparativa para estes.

Já os impostos cobrados na autarquia representam 35,7% das receitas da câmara municipal, o sétimo valor mais baixo da AMP, ficando abaixo dos 49,9% da média regional. Mesmo assim, o IMI encontra-se a 0,38% – o valor mais elevado de Entre o Douro e Vouga. O preço da água cobrado em Oliveira de Azeméis também é dos mais elevados, o que em 2020 motivou mesmo uma petição contra a subida de preços por parte da empresa privada Indaqua, que desde 2014 possui a concessão.

A fraca qualidade da água também é um problema, num município com a terceira rede de saneamento básico e água que menos percentagem do território cobre (76%). Pior só mesmo Arouca (73%) e Vale de Cambra (65%). No passado mês de julho foi anunciado pelo executivo camarário um investimento de cerca de seis milhões de euros na ampliação da rede.

Apesar de a câmara municipal de Oliveira de Azeméis possuir receitas abaixo das da média na AMP, também é das que menos tem despesas, o que dá ao concelho o quarto melhor equilíbrio orçamental no ano de 2019. Sendo bastante conhecido a nível desportivo, o investimento camarário em cultura e desporto é igualmente dos mais baixos da região, com apenas 5,7% do total de despesas – bastante abaixo da média regional de 10,8%.

Em relação à educação em território oliveirense, destaca-se o facto de pertencer ao grupo de concelhos da Área Metropolitana do Porto a possuir estabelecimentos de ensino superior. Outro dado positivo é a baixa taxa de retenção ou desistência do ensino secundário (7,2%), sendo apenas superado neste parâmetro por Vale de Cambra e Trofa.

Contudo, Oliveira de Azeméis está ainda abaixo da média regional quanto à escolaridade da população. O número médio de anos de habilitação escolar dos trabalhadores por conta de outrem é 9,2, enquanto na AMP esse valor é de 10,3. Pior só mesmo Arouca, Santo Tirso e Paredes.

Candidatos à presidência de Oliveira de Azeméis

Foto: facebook/PS Oliveira de Azeméis

Joaquim Jorge (PS)

Depois de conquistar a Câmara oliveirense para os socialistas pela primeira vez, Joaquim Jorge volta a candidatar-se a mais um mandato. Sob o mote “No caminho certo”, o empresário nascido em 1963 pretende dar continuidade ao trabalho desenvolvido nos últimos quatro anos. As contas certas e a diminuição dos impostos municipais são alguns dos feitos que tem a seu favor.

No programa eleitoral do candidato contam medidas como aumentar a cobertura da rede de saneamento, a construção da ‘Praça Maior’, melhorar a rede viária, apostar nos transportes públicos juntamente com as juntas de freguesia, disponibilizar até 500 kits de mobilidade suave aos estudantes, ligar a autoestrada A32 à estrada nacional 224 e pugnar pela requalificação da linha do Vouga.

Carla Rodrigues (‘Pelas Pessoas’, PSD/CDS-PP)

Foto: facebook/Carla Rodrigues – Pelas Pessoas

A escolha do PSD para reconquistar Oliveira de Azeméis recaiu sobre Carla Rodrigues. A advogada de 47 anos, natural de Cucujães, é ainda apoiada pelo CDS-PP, encabeçando a coligação ‘Pelas Pessoas’. Na apresentação da sua candidatura disse querer acabar com o “marasmo” vivido no concelho e distribuir o investimento por todas as freguesias.

As metas da social-democrata para os próximos quatro anos em caso de vitória passam por auxiliar as empresas e captar mais investimento para o concelho, criar condições para a construção de habitações a preços acessíveis, alargar as áreas de reabilitação urbana às freguesias, fixar os jovens, baixar o preço da água e saneamento, reduzir os impostos municipais e criar uma rede de transportes sustentáveis que ligue as freguesias.

Diogo Barbosa (Bloco de Esquerda)

Foto: facebook/Bloco de Esquerda Oliveira de Azeméis

O Bloco de Esquerda apresenta-se a Oliveira de Azeméis com Diogo Barbosa como candidato à presidência da Câmara Municipal. O mestre em História Contemporânea de 31 anos, natural de Cucujães, diz querer trazer verdadeiras políticas de esquerda para o concelho, uma vez que considera que o Partido Socialista não o fez durante o seu mandato.

O candidato pretende revogar o contrato da água com a Indaqua, tornando a rede pública outra vez, aumentar o número de focos de habitação social, atrair mais jovens com o ensino superior para as empresas do concelho, melhorar a rede de transportes públicos, assim como as estradas. A requalificação da linha do Vouga também é uma prioridade, sendo que Diogo Barbosa diz que atualmente Oliveira de Azeméis é o “concelho do carro“.

Vítor Januário (CDU)

Foto: facebook/CDU Aveiro

A coligação entre o PCP e PEV definiu Vítor Januário como o cabeça de lista à presidência do município oliveirense. O professor de 52 anos, em entrevista ao jornal ‘Correio de Azeméis‘, disse que se candidata ao mais alto cargo do concelho porque “é importante qualificar o debate sobre o desenvolvimento de cada freguesia por força do processo de união, não exclusivo da circunscrição administrativa”.

O candidato pretende pugnar pela reversão da extinção de várias freguesias do Oliveira de Azeméis, assim como fazer investimentos mais descentralizados, assegurar a limpeza e o bom estado das estradas do concelho e das zonas verdes, reabilitar o património degradado do município, como tanques públicos, criar estímulos para fixar a população e atrair jovens e, também, ter um papel ativo na ação social.

Vítor Silva (CHEGA)

Foto: facebook/CHEGA – Oliveira de Azeméis

Vítor Silva, de 50 anos, empresário do ramo do desporto, é o cabeça de lista do CHEGA na candidatura a Oliveira de Azeméis. Em declarações ao jornal ‘Azeméis.net‘, o candidato diz que “os oliveirenses estão desagrados com este executivo” e é necessária uma mudança pela diferença. Nas últimas semanas o partido tem também acusado o atual executivo por ser conivente com situações de poluição no município, como em Nogueira do Cravo e Ul.

No programa autárquico de Vítor Silva surgem medidas como promover a recolha de resíduos porta a porta no concelho, construir um depósito para inertes, terras e restos de materiais de obras, reestruturar os polos industriais, realizar obras de requalificação nas infraestruturas municipais, terminar a via do Nordeste, apostar em ligações de mini bus em todas as freguesias e renegociar o contrato de concessão de água com a Indaqua.

Artigo da autoria de André Almeida. Revisto por José Diogo Milheiro.

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