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Política

Drones: um instrumento da guerra moderna

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Drone turco Bayraktar TB2 ao serviço da Força Aéra Ucraniana. Fonte: Ministry of Defence of Ukraine

A propaganda militar ucraniana tem exibido, nas redes sociais, a destruição de veículos militares russos com recurso a drones não tripulados. Estes aparelhos têm se tornado cada vez mais importantes em conflitos armados, desde que foram utilizados na invasão americana do Afeganistão ou na disputa por Nagorno‑Karabakh, entre o Azerbaijão e Arménia.

A primeira utilização de veículos aéreos não tripulados (VANTs) de reconhecimento remonta à guerra do Vietname. Pouco depois, nos anos 80, o exército americano iniciava um programa conjunto com Israel de desenvolvimento de VANTs que culminava no desenvolvimento do RQ-2A, capaz de realizar missões de reconhecimento, vigilância, aquisição de alvos e informação. Desde então, assistiu-se a um “boom” no desenvolvimento de aeronaves militares e civis, especialmente entre 1990 e 2010.

O RQ-2A fornece aos militares de campo reconhecimento em tempo real, vigilância, aquisição de alvos. Fonte: Photographer’s Mate 2nd Class Daniel J. McLain/Wikimedia Commons

Inicialmente desenvolvidos com o desígnio de reconhecimento aéreo, o seu paradigma foi alterado com a colocação de mísseis ar-terra no drone americano: MQ-1 Predator, que se tornou famoso depois da guerra do Afeganistão e das buscas por Osama Bin Laden.

Desde então países como Israel, Turquia e China, que mais recentemente tem desenvolvido a sua interpretação de um drone de ataque (WZ-7), num movimento extramente condenado pelo Ocidente, abastecem os conflitos globais. A inserção destes países neste mercado militar contribuiu para a comercialização destes aparelhos a preços mais reduzidos do que os praticados pelos americanos, suando alarmes para a capacidade de organizações criminosas obterem acesso aos VANTs.  A banalização da comercialização de drones já transparece os seus efeitos com mais de 100 países a terem acesso a estas aeronaves.

De facto, o desenvolvimento destas armas está a produzir mudanças ao nível da geopolítica. No Médio Oriente, uma verdadeira corrida ao armamento para este tipo de drones está a decorrer após o empoderamento que o Bayraktar TB2 teve na afirmação militar turca. Neste sentido, a Arábia Saudita, o Egipto e o Emirados Árabes Unidos também já começaram a desenvolver os seus próprios drones.

Com a liberalização das licenças para este veículos, na última década, assistiu-se a um enorme desenvolvimento desta tecnologias e crescimento da indústria no mercado comercial. Muitos destes VANTs são utilizados pelo exército ucraniano para identificar posições russas e apoiar as missões de fogo de artilharia.

O impacto destes aparelhos no campo de batalha é cada vez mais claro. O conflito entre a Ucrânia e a Rússia mostrou como os VANTs, menos complexos e dispendiosos, podem ser uma ajuda a par dos veículos blindados. Para além da capacidade destrutiva destas aeronaves, também se destacam a capacidade de monitorizar o campo de batalha e a de interferir e bloquear comunicações dos inimigos.

Também na guerra informativa, característica dos conflitos modernos, drones militares e comerciais têm marcado a diferença. Estes aparelhos justificam também o seu destacamento nesta frente pela sua capacidade de filmar operações militares para mais tarde usar como propaganda política.

Um futuro com drones parece garantido. Para aplicações militares, espera-se que os drones se tornem mais leves e, com isso, ganhem autonomia. Ao que tudo indica, a redução das suas dimensões até versões microscópicas, recentemente compradas pelo exército americano, é agora possível, sendo que já existem versões que podem ser do tamanho de um telemóvel.

Drone de reconhecimento para soldados Black Hornet. Fonte: Richard Watt/Wikimedia Commons

As aeronaves estão a alterar a dinâmica da guerra moderna e a equilibrar a balança entre as dimensões e orçamentos entre exércitos. Este tipo de armamento promete alterar profundamente a estratégia militar no decorrer das próximas décadas.

Texto por Luís Jacques de Sousa. Revisto Por Filipe Pereira e Inês Pinto Pereira

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