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Guerra Ucrânia: Compatriotas chechenos enfrentam-se em lados contrários

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Membros da Guarda Nacional da Chechénia são vistos na Ucrânia Fonte: Ukrinform

Localizada a norte das montanhas do Cáucaso a Chechénia é uma região europeia de maioria muçulmana e é uma das vinte e duas repúblicas da Federação da Rússia. A ligação com a Rússia tem origem na anexação da Chechénia pelo império russo em 1859 e, mais tarde a integração na República Autónoma Socialista Soviética da Checheno-Inguchétia (1936-1991) aquando da revolução soviética.

A usurpação levou à deportação de chechenos para o Cazaquistão e para a Sibéria. Após a 2ª Guerra Mundial, o novo governo aboliu a república entre 1944 e 1957, motivando os movimentos de independência que precederam a primeira (1994-1996) e segunda (1999-2014) guerra da Chechénia.

O conflito pela independência da Chechénia foi um dos mais sangrentos na Europa depois da 2ª Guerra Mundial. Após a conclusão da 1ºa guerra da Chechénia o status quo, no qual o governo checheno ganhara autonomia, não satisfazia o sentimento vivenciado na região. Este último aspeto levou a uma serie de ataques a apartamentos russos na república do Daguestão e o retomar de Jihad chechena. Depois de combates em grande escala, com mais de 25 mil civis mortos, o conflito termina com vitória russa e o retomar do controlo da região pela Rússia.

Os chechenos que fugiram deste conflito e encontraram refúgio na Ucrânia encontram-se agora a reviver o passado e, a combater contra compatriotas liderados por Ramzan Kadyrov, Governador da Chechénia.

Putin reúne com Ahmad Kadyrov durante da sua presidência da região. Fonte: Kremlin.ru

No poder desde 2007, é filho do antigo presidente Akhmad Kadyrov que famosamente mudou de lados durante a guerra pela independência que mais tarde é vítima de assassinato pelos seus conterrâneos na capital Grozny. Tem um mandato marcado por relatos de corrupção e violação dos direitos humanos, mas Kadyrov recorre a propaganda e ao culto de personalidade, para não perder o controlo sobre a República.

Kadyrov expõe o seu estilo de vida abastado na televisão local. Um estilo de vida possível graças ao estatuto que desfruta por estar na lista de pagamentos do Kremlin.

Em Fevereiro de 2007, Ramzan Kadyrov substituiu Alu Alkhanov como presidente, pouco depois de ter feito 30 anos, a idade mínima para o cargo. Fonte: Пресс-служба Президента Российской Федерации

“Reunimo-nos para assegurar o nosso Estado e o nosso povo. Portanto, reunimo-nos mais uma vez para mostrar que apoiaremos qualquer decisão do Comandante-em-Chefe [Vladimir Putin]. Não o desapontaremos. Seguiremos qualquer ordem’, disse Kadyrov à televisão estatal um dia após a invasão russa da Ucrânia.

Foi posteriormente confirmada a notícia que soldados da Guarda Nacional da Chechénia seriam destacados para apoiar a Rússia neste conflito, o que motivou a resposta de Adam Osmayev, comandante do Batalhão Dzhokar Dudayev.

“Quero dizer aos ucranianos que os verdadeiros chechenos, hoje, estão a defender a Ucrânia…Lutámos, e continuaremos a lutar pela Ucrânia até ao fim.”, afirmou o comandante. “A vitória estará connosco, se Deus quiser. Celebraremos em Moscovo, na Chechénia, na Crimeia, e em Sevastopol. Se Deus quiser”.

Também a entrada da guarda nacional da Chechénia motivou a provocação de ódio do Batalhão Azov (um grupo voluntário de extrema direita composto por ultranacionalistas alegadamente neonazis) que, num vídeo publicado na conta de Twitter da Guarda Nacional da Ucrânia, são vistos a preparar-se para o combate com os chechenos de Kadyrov, banhando as suas balas em gordura de porco.

Artigo da autoria de Luís Jacques de Sousa. Revisto por Filipe Pereira e Inês Pinto Pereira

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