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Política

EUA: A Vitória de Joe Biden e as Consequências na Política Externa

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Joe Biden promete mudanças radicais na política interna e externa dos EUA.
Fonte: Andrew Harnick/POOL/EPA

 

A nova América externa de Joe Biden

O democrata Joe Biden tem uma posição bastante mais tradicional e simplista quanto aos interesses e diferentes papéis da América no mundo. Ao contrário de Donald Trump, que defendia um nacionalismo mais vincado e recusava qualquer posição que pudesse fragilizar o seu país a nível internacional, Joe Biden apoia a sua linha de pensamento, sobretudo, nos valores democráticos e sociais estabelecidos entre as diferentes instituições internacionais constituídas no período Pós-Guerra.

Durante os quatro anos do líder republicano, a relação transatlântica não viveu os seus melhores dias. Assim, a vitória do candidato democrata apresenta-se como um sinal de alívio para os vários líderes europeus. Joe Biden é agora a fonte de uma renovada esperança para a progressão e cooperação entre a Europa e os Estados Unidos. Certamente, a Europa não espera viver um período como o anterior a Trump, mas deseja que a vitória de Biden constitua uma melhoria significativa face ao mandato do anterior presidente.

O Acordo de Paris

Durante a sua campanha eleitoral, Biden afirmou alguma das suas posições. Destas, destacou-se o pedido de nova admissão ao Acordo de Paris, o que, na realidade, corresponde a uma reversão da saída desse mesmo acordo por Donald Trump. 

O presidente republicano nunca escondeu o seu ceticismo quanto à tese do aquecimento global e das alterações climáticas. Desta forma, e mantendo sempre a economia no topo da pirâmide, a administração de Trump submeteu, a 4 de novembro de 2019, o pedido formal para a sua saída do Acordo de Paris.

A visão de Biden não podia ser mais divergente da posição de Donald Trump. Considerando que “as alterações climáticas são uma crise existencial da nossa era”, o Presidente eleito vê como necessário o regresso dos Estado Unidos da América ao acordo de Paris, pretendendo reverter a saída outorgada por Trump o mais rápido possível. 

O Acordo de Paris “visa alcançar a descarbonização das economias mundiais e estabelece como um dos seus objetivos de longo prazo limitar o aumento da temperatura média global a níveis bem abaixo dos 2ºC acima dos níveis pré-industriais e prosseguir esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5ºC, reconhecendo que isso reduzirá significativamente os riscos e impactos das alterações climáticas.” 

A Organização Mundial de Saúde (OMS)

Com a chegada da pandemia de Covid-19 e a intensificação da guerra comercial com a China, Trump mostrou também desconfiar da natureza do vírus, colocando a possibilidade este ter sido desenvolvido pelos chineses. Assim, a 7 de julho, notificou a ONU que os EUA iriam cortar relações com a Organização Mundial da Saúde (OMS), acusando a organização de ser “uma marioneta” nas mãos da China. 

Por sua vez, Joe Biden prometeu que umas das primeiras ações que empreenderia, caso fosse eleito Presidentes dos Estados Unidos, seria o regresso à OMS. “Os americanos estão mais seguros quando a América está empenhada em fortalecer a saúde mundial. Desde o primeiro dia, como presidente, voltaremos a integrar a OMS e recuperarmos a liderança da cena mundial”, escreveu Biden no Twitter, a 7 de julho. 

A North Atlantic Treaty Organization (NATO)

Donald Trump tem-se demonstrado severo nas suas críticas aos aliados atlânticos e não deixa de sublinhar a importância do aumento do investimento na defesa. As suas ideias mantêm-se na mesma linha de há quatro anos, o que significa que há uma prioridade do “nacionalismo” face ao “globalismo”. As ideias patriotas do republicano podiam, caso permanecesse na Casa Branca por mais quatro anos, colocar a NATO em risco de existência.

Joe Biden, por sua vez, é um forte defensor das relações internacionais, o que indicia que o presidente eleito agirá rapidamente para restabelecer e fortalecer algumas ligações perdidas no mandato anterior, e a NATO não será exceção. O secretário geral das Nações Unidas manifestou, após uma conversa com o presidente eleito, o desejo de “trabalhar muito de perto” com os Estados Unidos. “Espero trabalhar com Biden para fortalecer ainda mais a NATO como pedra angular da nossa segurança coletiva”, escreveu o também antigo primeiro-ministro da Noruega no Twitter.

Estas são algumas das medidas que Joe Biden afirmou que iria adotar assim que tomasse posse. Com o democrata no lugar de presidente, há esperança que sejam introduzidas novas ideias e programas para a políticas externa, abrindo-se de novo o diálogo entre nações em temas de grande relevo para a sociedade, a humanidade e o planeta.

Artigo da autoria de Ricardo Terrinha. Revisto por Marco Matos e José Diogo Milheiro.

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