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Sociedade

NO FUTURO AMOR E LIBERDADE SERÃO COMO NUM FILME

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Vencedor de inúmeros prémios no contexto brasileiro, “Tatuagem”, filme de 2013 realizado por Hilton Lacerda, foi o eleito para dar início a este ciclo que contou, na sua primeira sessão, com cerca de 40 espectadores. A sensacional Trupe do Chão de Estrelas, cuja vida é seguida ao longo de quase duas horas de filme, revela-nos de facto o ambiente ideal para dar início à importante reflexão sobre o preconceito que ainda existe perante o outro que nos é diferente. O filme toma lugar em 1978, altura em que o Brasil se encontrava ainda sobre um autoritário regime de ditadura militar, mas os problemas explorados são bem atuais. Nuno Santos Carneiro, investigador de pós-doutoramento em Ciências Sociais, convidado para realizar um breve comentário no final da sessão, mostra-nos que existem realmente questões que ainda são discutidas e trabalhadas na clandestinidade, sendo necessário trazer o debate a público. A questão já não passa só, aos seus olhos, pela aceitação de uma orientação sexual que não é a nossa, sendo agora fundamental fomentar a aceitação de estilos de vida diversos do nosso.
A Trupe do Chão de Estrelas falou de amor e liberdade, abstendo-se de interferir com a liberdade de mais alguém, mas pôde ainda ser desprezada pelo regime e pela sociedade. As Trupes dos nossos dias, um pouco por todo o mundo, vão sendo aceites, desde que não ultrapassem certos limites. É a isto que Nuno Santos Carneiro chama a atenção perante o filme: à urgência de uma despolitização dos assuntos LGBT ou, melhor, de uma despolitização de qualquer assunto. É que “Tatuagem”, não se cingindo às relações homossexuais, convida todo o tipo de pessoas a tomarem parte desta liberdade, desta alternativa aos moralismos, desta política da igualdade que só se atinge através de uma política da diferença.
A próxima sessão realizar-se-á no dia 20 de Fevereiro e, segundo um dos elementos da MOP, o filme a apresentar terá como tema fundamental as questões da transexualidade. Por motivo da celebração de dez anos da morte – ou, como foi frisado, do assassinato – de Gisberta, a transexual encontrada morta em Fevereiro de 2006 no Porto, a próxima sessão será ainda antecedida por um debate sobre as questões da transexualidade e pela apresentação de uma tela em sua homenagem. A terceira, quarta e quinta sessão realizar-se-ão nos dias 19 de Março, 16 de Abril e 21 de Maio, respetivamente.