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GIVE ME VOICE: O DEBATE SOBRE OS REFUGIADOS

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O debate começou por volta das 23 horas, num ambiente de proximidade com o público. Inês Viana começou por apresentar o projeto Give Me Voice aos presentes na sala, explicando a parceria com a All Humans, responsável pelo envio dos bens recolhidos para os refugiados. Destes bens, os mais necessários no momento são, como explicou, produtos de higiene e brinquedos.

O objetivo da campanha era a entrega de 200 caixas com bens essenciais, número que foi, já, alcançado. Por isso, aumentaram a fasquia para as 400 caixas, estando a negociação do aluguer de outro contentor a acontecer, de momento e “a correr bem”, como referiu Inês Viana. Caso o número de caixas recebidas ultrapasse as 400, as restantes serão distribuídas por associações de caridade do Porto. 

A ajuda das associações de estudantes é uma das vidas mais importantes do projeto chegar a mais pessoas e receber um maior número de ajudas, uma vez que os jovens “promovem a mudança”. As associações de estudantes que ajudaram, até à data, o projeto foram a AEFEP, a AEFEUP, a AEICBAS, a AEFLUP e a AEFPCEUP. Recebem, ainda, o apoio de 12 escolas locais e de instituições como a Missão País, UDream, de voluntários da UP e de escuteiros. 

Inês Viana acrescentou, ainda, que era necessária ajuda na organização dos bens por categorias no armazém que possuem perto do Estádio do Dragão, uma vez que estão a receber cada vez mais produtos. 

Seguidamente, foi a vez de Pedro Pedrosa contar a sua aventura enquanto voluntário da ERCI na ilha de Lesbos. O continente europeu recebe apenas 6% de todos os refugiados e, como referiu, “esta realidade não está tão distante de nós”, uma vez que, em 2014, 5 portugueses tiveram de abandonar o país e viver como refugiados. Alertou também para a dificuldade que os refugiados têm em chegar a solo seguro na Europa e que cada vez morrem mais pessoas na travessia. 

Contou, ainda, várias histórias sobre mortes ocorridas nos barcos por pessoas serem pisadas por outras e que, algumas vezes, os bebés são atirados ao mar porque as pessoas não aguentam o choro destes. Referiu, também, o facto de a polícia muitas vezes dificultar a atividade das associações que tentam ajudar os refugiados por não darem espaço para se aproximarem uns dos outros e que, em certas situações, chicoteiam e torturam os refugiados por estes se encontrarem em locais que não devem. 

Pedro Pedrosa falou também da ERCI SAR (search and rescue), a única associação capaz de fornecer educação às crianças, que vão à escola apenas para aprender grego. O resto é lecionado por voluntários da associação. A ERCI recebe, ainda, pedidos de ajuda de outras instituições quando se encontram em alto mar, por não terem recursos suficientes no barco, como tradutores ou médicos.

Para finalizar o seu discurso, referiu a dura realidade de alguns refugiados que, apesar da ótima disposição que possuem quando chegam junto deles, vão para o campo de Moria, na Grécia, que é “um inferno na terra”. Tem lotação para 2000 pessoas e neste momento estão lá 6000. Neste campo, existem mortes sem explicação, mercado negro e violações.

No final do debate, houve espaço para questões do público e esclarecimento de dúvidas.

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