Sociedade

ODISSEIA DA COMUNICAÇÃO 2017: A PONTE ENTRE A TEORIA E O MERCADO LABORAL

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Primeiro dia, 27 de março

Foto: Odisseia da Comunicação | Projetos apresentados

No primeiro dia do evento, que aconteceu nas instalações do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, as conferências iniciaram-se, após a sessão de abertura, com a oradora Vanessa Cardoso, que discursou sobre a assessoria de imprensa. Da parte da tarde, Joana Campos Silva, gestora de Indústrias Criativas, continuou a Odisseia, falando sobre a “Ativação de Marca”, seguida de Luís Esmael, com o tema “Humor na Comunicação”.

Pelas 18horas, decorreu o OCD Challenge, com a exposição de ideias e projetos de negócio por parte dos estudantes e o respetivo feedback.

Segundo dia, 28 de março

“Jornalismo: profissão ou estilo de vida?”, com início às 10h, foi o tema da primeira conversa do segundo dia. Contou com a presença de Ana Carvalho, ou – como prefere ser chamada – Balolas, jornalista do jornal i e do semanário SOL.

Quando questionada se “Eu encontrei o jornalismo ou o jornalismo encontrou-me a mim?”, Balolas revelou que sente que as histórias que vivia “só faziam sentido quando partilhadas com outras pessoas.”

O segundo orador do dia foi José Syder, responsável pela comunicação e marketing da EDP Gás SGPS. Com o Professor António Conceição como moderador, foram discutidas várias curiosidades sobre o nascimento e crescimento da marca.

José Syder começou por referir que o primeiro problema com o qual a EDP se deparou ao adquirir a Portgás foi a notoriedade de ambas as empresas em Portugal. A divulgação da marca internamente foi a primeira solução encontrada, de forma a demonstrar a confiança nos produtos da Portgás.

Lançada a questão “Foi mais difícil convencer quem estava dentro ou o público?”, José Syder respondeu de imediato que tinha sido quem estava dentro. No entanto, o esforço de marketing interno resultou positivamente, tornando a EDP na única empresa em que 100% dos funcionários respondem positivamente a inquéritos de satisfação.

O orador realçou, ainda, a necessidade de aproximar a marca do público, pois “a EDP era uma marca distante das pessoas.” Neste sentido, a empresa começou a patrocinar pequenos eventos e realizou, também, várias campanhas de solidariedade, na tentativa de levar as pessoas a interagir com a marca, como a remodelação da Casa dos Rapazes, em Braga.

Abertas as questões ao público, José Syder afirmou ter sido necessário um esforço comunicativo por parte da EDP Gás. “O gás não é um bem essencial. Tudo é concorrência ao gás, no entanto, o gás tem eficiência quase total, e a eletricidade não”, realçou o orador.

No final da manhã, ficou no ar a promessa de José Syder de voltar à instituição com o intuito de apresentar 3 tipos de estratégias da sua empresa aos estudantes: endomarketing, marketing e comunicação.

Após o almoço, a primeira sessão da tarde foi liderada por Vítor Fernandes – maquilhador e formador profissional, que interpreta, ao mesmo tempo, a personagem de Natasha Semmynova. Natasha, que nasceu em 1999, é drag performer e cantora. Após uma explicação da diferença entre os conceitos travesti, transformista e drag queen, o orador falou sobre os espetáculos e o meio existente na cidade do Porto. Segundo Vítor F., “há todo um objetivo que é o mesmo: o espetáculo”.

Hoje em dia, a vida noturna e a perceção da mesma são completamente diferentes do que eram há 18 anos atrás: há mais abertura, mais liberdade e um maior interesse. Segundo Vítor Fernandes, Natasha Semmynova surgiu numa época em que ainda não se falava em transformismo e foi com o decorrer dos tempos que a mesma se desenvolveu para se tornar no que é hoje.

A palestra passou também pela explicação da imagem e identidade de marca: Natasha Semmynova é a marca de Vítor, que afirma vendê-la como tal. Atualmente, o seu nome enquanto profissional de maquilhagem está diretamente associado à marca Natasha Semmynova, havendo uma coexistência de ambos os serviços ao nível das redes sociais.

Vítor Fernandes encerrou a sua sessão salientando a diferença entre ele e a sua personagem. “Eu sou um homem e gosto do meu corpo. A Natasha é uma personagem, o Vítor é uma pessoa” foram as frases dominantes em toda a palestra.

Os segundos oradores da tarde são, atualmente, jovens empreendedores e ativistas. “Uma história de medo e amor” foi o nome da palestra de Rita Silva e João Camilo, que contaram a sua história pessoal para explicar o caminho que seguiram enquanto empreendedores.

Atualmente dona de uma marca vegan, livre de crueldade e ecológica, Rita explicou à plateia os passos necessários à criação da sua empresa: apoio governamental, financiamento, ideias e muita vontade. Segundo a oradora, “a visão que temos do mundo é moldada pelas palavras que temos internamente”.

João Camilo é atualmente fotógrafo e contou também o seu percurso: depois de abandonar o curso de Economia, continuou a explorar o mundo da fotografia, que o levou até Londres ao lado da companheira. Hoje, João trabalha como fotógrafo numa empresa de hostels e concilia duas das suas grandes paixões: a fotografia e as viagens.

Os oradores terminaram a sessão a falar de compaixão e entrega. Criaram, em conjunto, uma iniciativa que se dedica ao apoio de mulheres refugiadas, chamada “Speak Your Heart” e apelaram ao público para deixar o medo de lado e lutar pelo que acreditam.

Antes da sessão de encerramento com Bruno Pica e Pedro Madureira, houve espaço para um debate sobre “Comunicação Estratégica vs. Marketing Estratégico”.

Foto: Odisseia da Comunicação

“A comunicação assume uma importância vital e é transversal a qualquer ramo de atividade

Daniel Dantas, licenciado em Comunicação Empresarial e atual estudante do Mestrado em Ciências da Comunicação na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, foi parte integrante da equipa organizadora da Odisseia da Comunicação de 2017.

Quando questionado sobre a importância do evento para aproximar os estudantes do curso ao mundo profissional, afirmou que, apesar do evento ser, naturalmente, direcionado para os estudantes de CE, “ano após ano, o evento recebe cada vez mais estudantes das áreas do marketing, da assessoria e tradução e, inclusivamente, de contabilidade e administração, não fechando a porta aos estudantes externos.” Deste modo, a Odisseia funciona como uma ponte entre os conhecimentos teóricos e o mercado laboral, “providenciando aos espectadores um contacto informal com diversos profissionais da área e uma partilha de experiências na primeira pessoa.

“O ecletismo dos cartazes consecutivamente apresentados pela nossa organização” e a diversidade de temas que são apresentados nas conferências demonstra, segundo o estudante, que a organização da Odisseia procura “cobrir a maior amplitude de áreas e vertentes da comunicação possíveis, atendendo às tendências vigentes e procurando evitar déjà-vus.” A escolha destes temas e dos respetivos oradores passa, ano após ano, por “critérios como a novidade, a exclusividade e a pertinência” e, igualmente, “o seu percurso profissional e as suas speaking skills”.

Numa última nota, encoraja todos os estudantes da licenciatura a colaborar na próxima edição e a todos os demais estudantes a participar e estar presentes em futuras edições e outras iniciativas, uma vez que “a participação em iniciativas deste tipo possibilita ao corpo discente a aquisição de soft skills imprescindíveis e impossíveis de serem desenvolvidas em contexto de sala de aula”.

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