Política

“AS RUAS SERÃO SEMPRE NOSSAS” – CATALUNHA

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O relógio marcava as 15h00 quando, no pequeno largo de José Moreira da Silva, algumas pessoas se começaram a juntar. Alguns polícias estavam também perto da praça, enviados para acompanhar a manifestação. Entre adultos e crianças, inúmeras bandeiras amarelas, azuis e vermelhas começaram a inundar a concentração. Por toda a praça se penduraram cartazes, alguns a apelar à democracia e outros a apelar ao Sim no referendo, realizado no passado domingo.

Pouco depois, e já com um grande de grupo de pessoas ali concentrado, deu-se início à manifestação. Descendo para a Rua da Alegria, todos se juntaram aos cânticos, dando-lhes mais força. “Violência policial, repressão oficial” foi a frase de arranque, que explodiu em centenas de vozes em tom de revolta e solidariedade.

Por toda a enchente de pessoas se viam cartazes, em português e catalão, a condenar a força policial, a falta de democracia, a repressão do referendo e o governo de Mariano Rajoy, primeiro-ministro espanhol.

Chegados ao Consulado Espanhol, a manifestação parou. Durante alguns minutos, até ser recebido um aviso policial para continuar, toda a gente se fixou em frente ao Consulado e cantou mais alto e com mais intensidade. “Els carrers seran sempre nostres” (as ruas serão sempre nossas) foi não só a frase que deu moção à manifestação mas, também, aquela que foi mais vezes repetida durante todo o percurso. Acompanhada de palmas, por toda a parte se ouvia a máxima cujo ritmo se prende à nossa memória.

“Reis e rainhas só nos contos de fadinhas” foi outra das frases repetida em uníssono, numa clara oposição ao regime monárquico, que ainda existe em Espanha. A esta juntavam-se, quase por inerência, os apelos à demissão de Rajoy.

Continuada a caminhada, rua da Alegria abaixo, a animação foi aumentando, bem como o volume das vozes que se ouviam. Entre tambores e palmas, centenas de pessoas iam aquecendo o ambiente com frases reivindicativas e muita energia. Alguns membros da organização distribuíam panfletos por quem ali estava, relacionados com a Democracia, o Referendo e a intenção por detrás de toda aquela manifestação.

Já perto do jardim de S. Lázaro, os cânticos começaram a direcionar-se mais para a independência e república. “Não à repressão, autodeterminação” começou a soar pela rua e, protagonizado pelas vozes espanholas ali presentes, “Independência” foi entoado com energia.

Chegados ao jardim, toda a gente parou em volta de um coreto. Apelando a todos os catalães presentes para a ele subirem, ouviram-se alguns discursos pela democracia e independência da Catalunha. Juntando todos os manifestantes para uma foto, os cânticos em catalão voltaram e a festa continuou, com espirito reivindicativo sempre presente.

“Nada menos para a Catalunha do que para Portugal e viva a república!” ouviu-se do coreto, num tom de encerramento e ao qual se seguiu o hino da província espanhola.

Espanhóis, portugueses, a favor ou contra a independência da região, todos ali se juntaram para lutar e falar mais alto em prol da democracia e contra a opressão.

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