Sociedade
PORTO MARCHA CONTRA A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA
Eram 15h00 quando as primeiras pessoas chegaram à praça dos Poveiros. A multidão cresceu e a mobilização seguiu pela rua Passos Manuel, desceu a Avenida dos Aliados e terminou na praça da liberdade.
A comissão organizadora da edição de 2017 contou com 6 organizações do Porto: ADDIM, Associação Plano i, Associação Projeto Criar, Grupo Cordão Humano contra a Violência Doméstica, FISOOT e UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta). Todas com o objectivo comum de “alertar a população para a necessidade de se mover esforços no sentido da diminuição dos números da Violência de Género”
No manifesto da associação plano i podíamos ler: “Hoje que se comemora o Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres, move-nos o imperativo de quebrar o silêncio. Não aceitamos um país onde as mulheres são humilhadas, assediadas, agredidas, mutiladas, traficadas e mortas. Não aceitamos um país que se demite de muitas das suas responsabilidades, negando às vítimas de violência doméstica e de género liberdades e garantias com as quais se comprometeu nacional e internacionalmente.”
Ao descer a rua do Coliseu, a multidão entoou palavras de ordem como “violência contra a mulher não é o mundo que a gente quer!“, “Quem ama não magoa! Amar é respeitar!” ou “Feminismo sim, machismo nunca mais!“.
Já no centro da Praça da Liberdade foram proferidos vários discursos em frente à estátua de D. Pedro IV, por parte das representantes e dos representantes de cada associação, quer de manifestantes, que quiseram erguer a sua voz no centro da Invicta, por uma causa maior.
Sofia Neves, presidente da associação plano i, falou ao JUP sobre a importância da marcha, “serve para assinalar o dia internacional para a eliminação da violência contra as mulheres. É a sétima vez que nos juntamos no Porto para levar a cabo esta iniciativa, e é com muito agrado que vemos que as pessoas têm aderido cada vez mais e vêm para a rua manifestar a sua indignação.”
Chiara Zanchetta, estudante no Porto, também esteve presente, porque se considera “definitivamente uma feminista” e porque acha “muito importante que este movimento tenha mais visibilidade“. No entanto, frisou que houve “pouca aderência“.
Já Sofia Estudante, outra participante, afirmou: “sempre que posso, venho, sou uma, mas faço a diferença, não posso simplesmente ficar em casa“.
“NEM MAIS UMA” – A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA EM NÚMEROS
A violência doméstica, crime público desde 2000, segundo o Relatório Anual de 2016 da APAV (Associação de proteção e apoio à vítima) atingiu, em média, 14 mulheres por dia no passado ano. Embora se estenda a toda a população, o perfil geral da vítima é do sexo feminino, o que se traduz em 82% dos casos totais. Por outro lado, a UMAR apresentou um relatório preliminar com o número de vítimas mortais. Até à data de 20 de Novembro do presente ano, ocorreram em Portugal, 18 femicídios e 23 tentativas de femicídio.
Foi por isto, que durante um minuto, a marcha da Invicta fez silêncio, em nome das mortes consumadas por todas as violências contra as mulheres e para dar início ao movimento #nemmaisumminutodesilêncio.
Os números revelam uma ligeira diminuição, mas relembram, sobretudo, que ainda falta levar a cabo medidas importantes para reduzir os níveis de femicídio, nomeadamente, para diminuir a causa basilar da violência doméstica e de género: as desigualdades entre homens e mulheres.
Não só no Porto se marchou contra a violência doméstica, também Coimbra, Lisboa, Leiria e Angra do Heroísmo foram palcos de marchas e concentrações. Por todo o país, centenas gritaram pelo fim de todas as violências contra a mulher. Ergueram cartazes e entoaram “nem mais uma“, porque afinal, “agir contra a violência doméstica é luta de toda a gente“.