Sociedade
Animais também sofrem com a COVID-19: apoios diminuem e abandonos aumentam
Enquanto o país e o mundo atravessam tempos difíceis, a crise também chega àqueles que mais dependem de nós – os fiéis companheiros de quatro patas. Face a esta problemática, as associações dos animais procuram contrariar uma realidade díspar como a atual.
Desde que foi decretado o estado de emergência em Portugal, a Associação Animais de Rua tem já sinalizados mais de 20 animais domésticos abandonados em colónias. Face à pandemia atual, a associação afirma que os valores apontam para um cenário mais negro.
A associação zoófila Sociedade Protetora dos Animais afirma também ter recebido cerca de 20 pedidos de recolha de animais abandonados às quais não consegue fazer face. As esterilizações encontram-se suspensas, o que pode levar a um aumento incontrolável das populações. Com isto, canis e gatis podem ficar ainda mais sobrelotados.
Para além dos animais comunitários que existem em alguns bairros, ruas e pequenas aldeias que podem ficar esquecidos em tempos de isolamento, existe também a preocupação do possível aumento do número de animais abandonados. O receio infundado de contágio da COVID-19 por animais e carências económicas que se antevêem durante e após a crise de saúde global são os principais fatores de abandono. Apesar de já se terem registado casos de COVID-19 em animais de estimação, não está provado que os animais possam ser portadores da doença.
O que está a ser feito?
A Animais de Rua está a prestar apoio alimentar a cuidadores de colónias idosos que estão infetados ou em quarentena. Maria Pinto Teixeira, diretora da associação, considera que tanto no meio urbano como rural os centros de acolhimento municipais e associações são rápidos e eficientes no que toca à recolha de animais errantes, dado que “aos olhos dos cidadãos, o problema dos animais errantes e abandonados não parece tão significativo”.
“Felizmente cada vez mais as pessoas estão sensíveis aos problemas de maus tratos e abandono de animais de companhia”, afirma Maria Teixeira. No entanto, acrescenta que existe ainda um longo caminho a percorrer no que diz respeito à proteção de animais de outras espécies, nomeadamente usados na exploração pecuária e no entretenimento.
“As pessoas estão mais sensibilizadas porque são também detentoras de maior informação”, afirma Joana Roque, diretora da Sociedade Protetora dos Animais. Justifica ainda que, desde 2014, surgiram alterações legislativas que deram estatuto jurídico aos animais e foram criminalizados os maus tratos. Acredita que, no geral, a população está mais sensível e preocupada, apesar de subirem os números de maus tratos e abandonos.
Como ajudar?
Em tempos de pandemia, o auxílio deve ser ajustado às condições. A Animais de Rua e a Sociedade Protetora dos Animais têm opções para todos aqueles que querem ajudar sem ser preciso sair do sofá.
Na Sociedade Protetora dos animais, o trabalho de ajuda direta aos animais e no abrigo está suspenso. No entanto, continuam ativos em áreas como design, comunicação, marketing, divulgação, gestão das redes sociais, gestão da área de sócio ou informática.
De momento, na Animais de Rua, o mais urgente são os donativos de ração, sobretudo de gato, que podem ser entregues no Porto, Maia, Matosinhos ou Vila Nova de Gaia na zona Norte. Outra forma de ajudar é também o voluntariado que, nesta altura, está disponível apenas na área administrativa.
Por último, outra forma de contribuir e que não implica qualquer gasto é a partilha dos conteúdos e pedidos de ajuda nas redes sociais das associações. Cada partilha é passível de transformar a vida do mais fiel companheiro do homem. O JUP partilha uma série de testemunhos de fiéis donos de cães e gatos – e até de um coelho. A mensagem é coletiva: não abandone, pois eles nunca o fariam a si.