Sociedade

“Leve o que precisar, deixe o que quiser”: a caixa que alimenta à distância

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A Caixa Solidária teve como pioneiro Nuno Botelho, que colocou a primeira caixa num jardim perto de casa, em Lisboa. Em tempo de pandemia e com a impossibilidade de fazer voluntariado, Nuno pensou numa outra forma de ajudar as pessoas que estejam a passar por dificuldades.

Foi assim que a ideia surgiu. “Tinha uma caixa cá em casa em desuso e lembrei-me: por que não usar a caixa, colocá-la aqui perto de casa com bens alimentares e ajudar desta forma?”, explicou Nuno Botelho.

“Depois foi passar à ação. Coloquei a caixa com os bens lá dentro e com um papel a dizer ‘caixa solidária – leve o que precisar, deixe o que quiser’”, disse ao JUP.

Pouco tempo passou até que os vizinhos se apercebessem e começassem também a contribuir. Com as divulgações no Facebook, a ação começou a crescer e Nuno criou o grupo “@caixa.solidaria“, para desafiar as pessoas a replicar a iniciativa nos seus bairros. Nesta página é também identificada a localização das várias caixas espalhadas pelo país.


A repercussão ultrapassou todas as expectativas, com o grupo a atingir quase 60 mil membros em menos de um mês, e o sentimento de quem iniciou a ideia é de missão cumprida.

Nuno Botelho deixa ainda a mensagem de que “possamos todos retirar aprendizagens positivas destes tempos difíceis e que quando voltarmos à nossa vida, que o façamos com uma consciência mais coletiva, com um maior espírito de entreajuda”.

De norte a sul, foram já várias as cidades que receberam a iniciativa nos últimos dias e há perto de cinco dezenas de caixas espalhadas por todo o distrito do Porto.

Rita Magalhães, uma jovem da Póvoa de Varzim, conheceu a Caixa Solidária através de uma colega da faculdade e tanto ela como os familiares aderiram rapidamente. Para além de replicar a ação e a partilhar nas redes sociais, a família encontrou uma forma original de atrair a atenção das pessoas e distribuiu cartões com mensagens pelos vizinhos, que não tardaram a abraçar a causa.

Fotografia: Rita Magalhães

“Trata-se de uma iniciativa simples e objetiva. É muito fácil pegar numa caixa, etiquetá-la, enchê-la com alimentos e espalhar a palavra, especialmente quando esta caixa vai tirar a fome a muitas famílias”, disse Rita ao JUP.

O apelo à solidariedade é crescente e, apesar de a caixa estar há poucas horas na rua, a resposta dos habitantes do concelho tem sido positiva, admite a jovem que plantou a iniciativa na Póvoa de Varzim.

“É gratificante saber que podemos chegar assim longe. Só espero que mais pessoas adiram à iniciativa e criem mais e mais caixas. Não só aqui na Póvoa, mas por outras cidades do país também. Acredito que todos faremos a diferença”, apelou Rita.

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